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Papa sobre a oração: quem reza sabe que é precioso aos olhos de Deus

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Antoine Mekary | ALETEIA

Reportagem local - publicado em 15/10/20

Quem reza "sabe que mesmo se todas as portas humanas estiverem trancadas, a porta de Deus está aberta"

O Papa Francisco afirmou que para rezar bem devemos orar assim como somos. “Não é preciso maquilhar a alma para rezar”, enfatizou o Santo Padre, em sua catequese semanal na Sala Paulo VI, dedicada ao tema da oração.

Nos salmos ouvimos as vozes de orantes de carne e osso, cuja vida, como a de todos, está repleta de problemas, dificuldades e incertezas. O salmista não contesta radicalmente este sofrimento: ele sabe que pertence à vida. Contudo, nos salmos o sofrimento transforma-se em interrogação. Do sofrer ao perguntar.

Consolo e libertação

E entre as muitas perguntas, há uma que permanece suspensa, como um brado incessante que percorre todo o livro de um lado ao outro – prosseguiu o Papa –. Uma pergunta, que repetimos muitas vezes: “Até quando, Senhor? Até quando?”.

Cada dor pede libertação, cada lágrima invoca consolação, cada ferida aguarda a cura, cada calúnia, uma sentença de absolvição. “Até quando Senhor tenho que sofrer isto? Ouve-me Senhor!”: quantas vezes rezamos assim com este “até quando?”, Senhor, chega!

De acordo com o Santo Padre, ao fazer constantemente tais perguntas, os salmos ensinam-nos a não nos habituarmos à dor e lembram-nos que a vida não se salva, se não for curada.

A existência do homem é um sopro, a sua história é fugaz, mas o orante sabe que é precioso aos olhos de Deus, e por isso tem sentido bradar. Isto é importante. Quando rezamos, fazemo-lo porque sabemos que somos preciosos aos olhos de Deus. É a graça do Espírito Santo que de dentro suscita em nós esta consciência: de ser preciosos aos olhos de Deus. E por isso somos induzidos a rezar.

Papa sobre a oração: quem reza nunca sofre sozinho

O Papa explicou que neste mundo todos sofrem: quer acreditemos em Deus quer o rejeitemos. Mas no Saltério, a dor torna-se relação, relação: um grito de ajuda à espera de encontrar um ouvido que ouça. Não pode permanecer sem sentido, sem propósito.

Pensai nisto: as lágrimas não são universais, são as “minhas” lágrimas. Cada um tem as próprias. As “minhas” lágrimas e a “minha” dor impelem-me a continuar com a oração. Sou as “minhas” lágrimas que jamais ninguém derramou antes de mim. Sim, muitos choraram, muitos. Mas as “minhas” lágrimas são as minhas, o “meu” sofrimento é meu, a minha dor é minha.

Então Francisco disse que, para Deus, todas as dores dos homens são sagradas.

Diante de Deus não somos desconhecidos, nem números. Somos rostos e corações, conhecidos um por um, pelo nome.

Nos salmos – prosseguiu o Papa –, “o crente encontra uma resposta. Ele sabe que mesmo se todas as portas humanas estiverem trancadas, a porta de Deus está aberta. Mesmo se o mundo inteiro emitisse um veredito de condenação, em Deus há salvação”.

Papa sobre a oração: quem reza é consolado

O Papa disse que às vezes na oração é suficiente saber que o Senhor nos ouve.

Os problemas nem sempre se resolvem. Quem reza não é um iludido: sabe que muitas questões da vida terrena permanecem sem solução, sem saída; o sofrimento acompanhar-nos-á e, após uma batalha, haverá outras que nos esperam. Mas se formos ouvidos, tudo se torna mais suportável.

Segundo o Santo Padre, a pior coisa que pode acontecer é sofrer no abandono, sem ser recordado.

É disto que a oração nos salva. Pois pode acontecer, e até frequentemente, que não compreendamos os desígnios de Deus. Mas os nossos gritos não estagnam aqui na terra: elevam-se até Ele, que tem o coração de Pai e chora por cada filho e filha que sofre e morre. Digo-vos uma coisa: faz-me bem, nos maus momentos, pensar no pranto de Jesus, quando chorou olhando para Jerusalém, quando chorou diante do túmulo de Lázaro. Deus chorou por mim, Deus chora, chora pelas nossas dores. Porque Deus quis fazer-se homem, dizia um escritor espiritual, para poder chorar. Pensar que Jesus chora comigo na dor é uma consolação: ajuda-nos a seguir em frente. Se nos mantivermos numa relação com Ele, a vida não nos poupa os sofrimentos, mas abre-se a um grande horizonte de bem e encaminha-se para a sua realização. Coragem, em frente com a oração. Jesus está sempre ao nosso lado.



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POPE VIRGIN CARMEL

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(Íntegra da catequese em Vatican.va)

Tags:
OraçãoPapa Francisco
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