Como teria sido possível Neil Armstrong pisar na Lua em 1969 sem os cálculos de Katherine Johnson, matemática pioneira da NASA, que traçava à mão as rotas das expedições de exploração do espaço? Sem ela, com certeza a Apollo 11 não teria seguido exatamente a mesma trajetória e o mesmo itinerário, e talvez não tivesse obtido tanto sucesso.
Ainda assim, à época, todos os astronautas que participaram da missão foram laureados com a prestigiada medalha Hubbard, da National Geographic Society, que reconhece avanços em pesquisa, descoberta e exploração, mas Katherine, que havia ficado em Terra com lápis na mão, saiu de mãos abanando.
Até que neste mês, passados 51 anos da conquista da Lua, uma reparação histórica se faz notar. A estudiosa foi finalmente (e postumamente) anunciada como recebedora da medalha em 2020, o mesmo ano de sua morte, em fevereiro, aos 101 anos.
“Estamos honrados em apresentar a Katherine Johnson a medalha Hubbard, um reconhecimento da National Geographic Society pelo seu reconhecimento, pelas suas contribuições extraordinárias nos campos de ciência e da exploração”, disse a CEO da National Geographic Society, Jill Tiefenthaler.
Mulher-computador
Matemática, física e cientista espacial, Katherine Johnson integrou um grupo de mulheres negras da NASA que eram conhecidas como “computadores humanos”, pois calculavam as trajetórias das naves e todas suas variáveis à mão.
Em 1961, seus cálculos levaram o primeiro norte-americano, Alan B. Shepherd, a viajar no espaço. No ano seguinte, graças a ela, John Glenn se tornou o primeiro a orbitar a Terra. E em 1969 a Apollo 11, liderada por Glenn e com Katherine nos bastidores, tornou-se um dos maiores feitos da humanidade.
Desde criança era considerada uma gênia da matemática. Ela se formou no colégio aos 14 anos, na cidade de Institute, no estado de Virginia Ocidental. Seu pai mudou com a família para lá de modo que Katherine continuasse a estudar, pois em sua cidade natal, White Sulphur Springs, a 200 km de distância, em plena segregação racial nos Estados Unidos, alunos negros não podiam estudar além da 6ª série. Aos 18, Katherine Johnson se formou na universidade West Virginia State College, uma instituição de ensino que historicamente acolheu alunos negros.
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