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“Católicas pelo Direito de Decidir” não são católicas e justiça proíbe uso do termo

Católicas pelo Direito de Decidir

Facebook da organização Católicas pelo Direito de Decidir

Reportagem local - publicado em 28/10/20

Grupo de viés ideológico não segue a doutrina da Igreja e vinha sendo denunciado por bispos e padres por usar o nome "católicas" para confundir

“Católicas pelo Direito de Decidir” não são católicas. O fato já foi denunciado em diversas ocasiões por bispos, padres e leigos católicos. Agora, também a Justiça de São Paulo reconheceu esta realidade.

Neste dia 27, de fato, o colegiado da 2ª Câmara de Direito Privado de São Paulo determinou que as “Católicas pelo Direito de Decidir” não podem usar o termo “católicas” em seu nome, porque a finalidade da sua associação “revela incompatibilidade com os valores adotados pela Igreja Católica”.

O desembargador José Carlos Ferreira Alves, relator do recurso, determinou que o grupo retire o termo de seu nome em até 15 dias. A multa em caso de descumprimento da decisão judicial é de R$ 1 mil por dia.

“Católicas pelo Direito de Decidir” não são católicas

O pedido que deu origem ao processo é da Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura. A argumentação se baseia no fato de que as “Católicas pelo Direito de Decidir” não podem ser consideradas católicas porque se posicionam explicitamente contra a doutrina da Igreja a respeito de vários temas, a começar pelo aborto.

Aliás, fotos e memes envolvendo esta associação têm vindo à tona com regularidade em meio às persistentes campanhas de desinformação e manipulações pseudocientíficas em favor da legalização do livre extermínio de bebês em gestação.

A CNBB já emitiu nota oficial esclarecendo que o grupo feminista constituído no Brasil em 1993 não é compatível com a verdadeira fé católica. O grupo brasileiro tem relação com a entidade norte-americana Catholics for a Free Choice, surgido na década de 1970. Sobre essa entidade, os bispos dos Estados Unidos também já se manifestaram, em diversas ocasiões, para esclarecer que não se trata de uma organização da Igreja Católica.

As informações seguintes, sobre essa organização que usa estrategicamente o termo “católicas” para pregar ideologias e práticas que não são católicas, procedem de um artigo do pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz, presidente da Associação Pró-Vida de Anápolis, GO. O texto foi publicado em 4 de janeiro de 2008 no site desta associação.

Surgimento e vínculos

O pe. Lodi recorda, em seu texto, que a Igreja Católica se opôs frontalmente, em 1970, à lei abortista do Estado de Nova Iorque, estopim para a aprovação do aborto em todo o território dos Estados Unidos em 1973. Diante disto, três membros do grupo pró-aborto NOW (“National Organization for Women” – Organização Nacional para as Mulheres) fundaram, ainda em 1970, a organização CFFC (“Catholics For a Free Choice” – Católicas pelo Direito de Decidir).

A organização, que na realidade é abertamente anticatólica, já nasceu, portanto, com o objetivo de confundir o público e manipulá-lo em favor da agenda abortista mediante o estratégico uso do termo “católica”.

Um dos primeiros atos públicos das CFFC, de acordo com o artigo do pe. Lodi, foi ridicularizar a Igreja coroando uma feminista com o título de “papisa Joana I” na escadaria da Catedral de São Patrício, em Nova Iorque.

A primeira sede das CFFC se localizou nas dependências da “Planned Parenthood Federation of America” (PPFA), também em Nova Iorque. Trata-se da filial estadunidense da IPPF, International Planned Pareenthood Federation (Federação Internacional de Planejamento Familiar), atualmente proprietária da maior rede de clínicas de aborto da América do Norte. Conhecida como “a multinacional da morte”, ela tem sede em Londres e filiais em 180 países. Diretores dessa organização foram flagrados recentemente, em vídeo, negociando a venda ilegal de órgãos de bebês abortados em suas instalações.




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Objetivo

O objetivo da organização abortista “Católicas pelo Direito de Decidir” é, de acordo com a denúncia do pe. Lodi, infiltrar-se nas paróquias, dioceses, universidades católicas, meios de comunicação e casas legislativas a fim de dar a entender que seria possível, ao mesmo tempo, “ser católico e defender o aborto” – o que, obviamente, é impossível e claramente contrário à verdadeira doutrina católica. Além do aborto, as falsas “católicas” desse movimento defendem várias outras práticas contrárias ao catecismo, como o sexo livre fora do matrimônio, o chamado “casamento” de pessoas do mesmo sexo e todas as formas de reprodução artificial.

Quanto à liturgia, o pe. Lodi relata que as “Católicas pelo Direito de Decidir” assumem rituais e práticas da Nova Era (“New Age“): são devotas do ídolo feminista Sofia, uma variante ideológica da deusa grega da sabedoria, e chegam a compor poesias em honra a Lúcifer. O aborto é tratado como um ato “sagrado”. São recitadas orações a “Deus Pai e Mãe” enquanto a mulher que está abortando é abençoada, abraçada e encorajada a salpicar pétalas de rosas. A ex-freira Diann Neu elaborou uma cerimônia pós-aborto em que a mulher abre uma cova no jardim e deposita os restos mortais de seu bebê, dizendo: “Mãe Terra, em teu seio depositamos esse espírito”.

O maior obstáculo que os promotores do aborto têm encontrado no seio das Nações Unidas é a presença da Santa Sé, reconhecida como Observador Permanente. Em 1999, as “Católicas pelo Direito de Decidir” lançaram a campanha “See Change” (“Mudança de Sé”), com o objetivo, até agora não atingido, de pressionar a ONU a rebaixar o status da Santa Sé ao de simples organização não-governamental (ONG), como é o caso delas próprias.




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Por que atacar justamente a Igreja Católica?

Francis Kissling, que foi presidente das “Católicas pelo Direito de Decidir” durante anos, desde 1982, explicou, em entrevista de setembro de 2002:

“A perspectiva católica é um bom lugar para começar, tanto em termos filosóficos e sociológicos quanto teológicos, porque a posição católica é a mais desenvolvida. Assim, se você puder refutar a posição católica, você refutou todas as demais. OK. Nenhum dos outros grupos religiosos realmente tem declarações tão bem definidas sobre a personalidade, quando começa a vida, fetos etc. Então, se você derrubar a posição católica, você ganha” (Kissling, Frances. Interview by Rebecca Sharpless. September 13– 14, 2002. Population and Reproductive Health Oral History Project, Sophia Smith Collection. Disponível nesta transcrição, na página 106 – em inglês).

Financiamento

As “Católicas pelo Direito de Decidir” contaram com vultosas doações de fundações de controle demográfico, entre elas a Fundação Ford, a Fundação Sunnen, a Fundação Mc Arthur e a Fundação Playboy. A maior parte dos investimentos tem sido destinada à promoção dos assim chamados “direitos reprodutivos” na América Latina, o que envolve o suposto “direito” ao aborto, além da esterilização e da anticoncepção.

Em 1987, as “Católicas pelo Direito de Decidir” criaram uma filial latino-americana em Montevidéu, no Uruguai, com o nome de “Católicas por el Derecho a Decidir”. Elas publicaram, na língua espanhola, o livro sarcástico “Y María fue consultada para ser Madre de Dios”, em que Nossa Senhora é apresentada como símbolo do “direito a decidir” sobre a prática do aborto. Em 1993, foi criada em São Paulo a filial brasileira “Católicas pelo Direito de Decidir” (CDD).


aborto rio de janeiro

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As CDD e a Campanha da Fraternidade 2008

Na segunda quinzena de dezembro de 2007, as livrarias católicas puseram à venda um DVD produzido pela Verbo Filmes, trazendo na capa o cartaz da Campanha da Fraternidade 2008, com o lema “Escolhe, pois, a vida”, o tema “Fraternidade e defesa da vida” e o logotipo da CNBB.

O que deixou os militantes pró-vida estupefatos foi a participação da Sra. Dulce Xavier, membro das CDD, no bloco IV do vídeo (“Em defesa da vida: pontos de vista”), com uma fala de cinco minutos, criticando a Igreja Católica por não aceitar a anticoncepção, e defendendo a realização do aborto pela rede hospitalar pública para preservar “a vida das mulheres”. A inserção das “Católicas pelo Direito de Decidir” no vídeo tinha sido feita sem a autorização da CNBB, que, quando soube da notícia, exigiu o recolhimento dos DVDs. A Verbo Filmes fez então outra edição, desta vez sem a fala das CDD. No entanto, cópias do DVD com a participação das “Católicas pelo Direito de Decidir” ainda podem ser encontradas, prolongando a confusão junto ao público.

Nota oficial da Conferência Episcopal dos Estados Unidos

Os bispos norte-americanos se pronunciaram com clareza sobre a natureza anticatólica da organização abortista e feminista “Católicas pelo Direito de Decidir”. Confira:

Declaração da Conferência Nacional dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (NCCB), de 10/05/2000

Por muitos anos, um grupo autodenominado “Católicas pelo Direito de Decidir” (Catholics for a Free Choice — CFFC), tem publicamente defendido o aborto ao mesmo tempo em que diz estar falando como uma autêntica voz católica. Esta declaração é falsa. De fato, a atividade do grupo é direcionada para rejeitar e distorcer o ensinamento católico sobre o respeito e a proteção devida à defesa da vida humana do nascituro indefeso. Em algumas ocasiões a Conferência Nacional dos Bispos Católicos (NCCB) declarou publicamente que a CFFC não é uma organização católica, não fala pela Igreja Católica, e de fato promove posições contrárias ao magistério da Igreja conforme pronunciado pela Santa Sé e pela NCCB.

“Lobby” do aborto

A declaração dos bispos dos EUA prossegue:

A CFFC é, praticamente falando, um braço do “lobby” do aborto nos Estados Unidos e através do mundo. É um grupo de pressão dedicado a apoiar o aborto. É financiado por algumas poderosas e ricas fundações privadas, principalmente americanas, para promover o aborto como um método de controle de população. Esta posição é contrária à política existente nas Nações Unidas e às leis e políticas da maioria das nações do mundo. Em sua última campanha, CFFC assumiu um esforço concentrado de opinião pública para acabar com a presença oficial e silenciar a voz moral da Santa Sé nas Nações Unidas como um Observador Permanente. A campanha de opinião pública tem ridicularizado a Santa Sé com uma linguagem que lembra outros episódios de fanatismo anticatólico que a Igreja Católica sofreu no passado.

Plataforma de apoio à supressão da vida

A nota do episcopado norte-americano finaliza:

Como os Bispos Católicos dos Estados Unidos têm afirmado por muitos anos, o uso do nome “Católica” como uma plataforma de apoio à supressão da vida humana inocente e de ridicularização da Igreja é ofensivo não somente aos católicos, mas a todos que esperam honestidade e franqueza em um discurso público. Declaramos outra vez com a mais forte veemência: “Por causa de sua oposição aos direitos humanos de alguns dos mais indefesos membros da raça humana, e porque seus propósitos e atividades contradizem os ensinamentos essenciais da fé católica, (…) a associação Católicas pelo Direito de Decidir não merece o reconhecimento nem o apoio como uma organização católica” (Comitê Administrativo, Conferência Nacional dos Bispos, 1993).

Bibliografia consultada pelo pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz:

CLOWES, Brian. Mulheres católicas pelo direito de decidir. In: PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A FAMÍLIA. Lexicon: termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas. São Paulo: Escolas Profissionais Salesianas, 2007. p. 659-668.

HUMAN LIFE INTERNATIONAL. “Católicas pelo direito de decidir” sem máscaras: idéias sórdidas, dinheiro sujo. Tradução de Teresa Maria Freixinho. Brasília: Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, 2000.

SCALA, Jorge. IPPF: a multinacional da morte. Anápolis: Múltipla Gráfica, 2004. p. 227-228.

___________

A partir de publicação de Pró-Vida de Anápolis


Padre Luiz Carlos Lodi

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