A primeira mulher estuprada na Bíblia foi Diná, filha de Jacó. E o que aconteceu depois do estupro leva a pensar sobre novas e graves injustiças contra a vítima, bem como contra outros muitos inocentes.
O pe. Zezinho publicou em seu Facebook um breve comentário sobre uma sequência de episódios trágicos do livro bíblico de Gênesis (34,1-31): primeiro, o covarde estupro contra Diná, filha de Jacó; em seguida, o fato de que a própria Diná ainda teve de se casar com o estuprador por conta de arranjos familiares; por fim, a vingança homicida contra a família do estuprador, atingindo dezenas de homens, mulheres e crianças inocentes.
A primeira mulher estuprada na Bíblia
Eis o que o padre escreveu:
A primeira mulher na Bíblia que foi estuprada foi Diná, filha de Jacó. O estuprador foi Siquém! Hemor, não hebreu, pai do estuprador, foi conversar com Jacó, pai de Diná. Disse que seu filho Siquém estava apaixonado pela estuprada! O preço, segundo os irmãos de Dina, seria toda a família de Hemor ser circuncidada para mostrar conversão! Assim Diná foi morar com Siquém.
Ou seja, Diná ainda teve que se casar com o estuprador não porque ela quisesse, mas porque assim decidiram por ela mediante arranjos familiares.
O padre prossegue, recordando que os irmãos de Diná perpetraram então outro crime: Simão e Levi planejaram traição e vingança contra a família de Siquém por causa do crime repulsivo que Siquém havia cometido contra Diná ao violentá-la.
No terceiro dia da festa, quando todos acharam que estava tudo resolvido, os dois irmãos e seu bando massacraram Hemor e Siquém e todos os machos da família. E roubaram tudo da família de Hemor. Fizeram escravas as crianças e as mulheres. Tudo para vingar o estupro da sua irmã! Estupro sórdido e traição e vingança sórdida! Gn 34, 1-31: para vingar o estupro contra Diná, morreram centenas de inocentes que nada tinham a ver com o crime do Siquém! O pai dela e o pai dele arranjaram as coisas, mas Diná, a vítima, não foi consultada…
Justiça, injustiça e vingança
Alguns internautas, como é infelizmente corriqueiro, interpretaram de modo subjetivo o texto do pe. Zezinho para acusá-lo de “relativizar o estupro”, porque o padre comentou que o crime planejado e executado pelos irmãos de Diná foi “maior ainda” – ele se refere, obviamente, às proporções trágicas que a sequência do episódio tomou.
O próprio sacerdote enfatizou que os dois crimes são sórdidos e que um não pode justificar o outro. Fica bem claro o caráter hediondo do crime de estupro, mas é preciso também deixar claro que vingança não é justiça – até porque, neste caso e em quase todos os outros, a vingança atingiu e atinge inocentes.
Nenhuma das violências é justificável. NENHUMA. Redesenhando: NENHUMA. Terá ficado claro?
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