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Até onde chega nossa responsabilidade pelo outro?

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Shutterstock | STEKLO

Reportagem local - publicado em 10/11/20

Ser responsável não é somente assumir as próprias decisões e suas consequências, mas também responder ao apelo dos mais carentes de hoje e amanhã

Uma ética do verdadeiro progresso vela pelo bem-estar de toda vida humana, especialmente pela dos mais frágeis, daquelas pessoas que, sozinhas, não conseguem se sustentar.

É preciso criar condições oportunas para que estas vidas frágeis encontrem um lugar no mundo e possam se desenvolver em igualdade de condições.

O progresso social e moral da humanidade é incompatível com políticas de vida excludentes, que não garantem igualdade de oportunidades para todos, independentemente da sua origem e das suas características genéticas.

Ser responsável, assim como entendia o lúcido pensador Hans Jonas, não significa somente responder coerentemente pelas próprias decisões, assumir os atos livres e encarregar-se das suas consequências. Responsabilidade exige também uma resposta ao apelo das pessoas mais vulneráveis, que precisam de atenção, disponibilidade, resposta; ao clamor do pobre, da vítima, do inocente, do faminto, do desabrigado.

A responsabilidade de Hans Jonas, no entanto, projeta-se ao futuro. Intervém nela a razão prática, mas, ao mesmo tempo, a força imaginativa. Ela volta a traduzir, de maneira criativa, o imperativo categórico kantiano e exige tratar as pessoas do futuro dignamente, sem esquecer de que são fins em si mesmas.

O impulso para o futuro, no entanto, não pode vir do medo, mas do amor.

Hans Jonas desenha um futuro escuro, devastado e, a partir dessa perspectiva, argumenta a favor da responsabilidade. Muitos a qualificam como catastrófica e, consequentemente, desqualificam a exigência de responsabilidade que se deriva dela.

Não acho que seja assim. O dever de velar pelo bem das gerações futuras não pode emergir do medo, mas do desejo de bem que experimentamos por elas, da benevolência, que é um dos grandes frutos do amor livre e gratuito.

Na última das conferência Gifford que John C. Eccles deu na universidade de Edimburgo durante o curso acadêmico de 1977-78, ele se perguntava: “Ainda estamos a tempo de construir uma filosofia e uma religião que possam nos dar uma confiança renovada nesta grande aventura vivida em liberdade e com dignidade?

Quero acreditar que sim, que a razão humana, impulsionada pelo amor incondicional inserido no interior de toda pessoa, pode renovar esta confiança na espécie humana e ganhar espaço na pacificação do planeta.

Tags:
dignidadeliberdadeVirtudes
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