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Como agir se nossa consciência tem dúvidas sobre uma questão?

DOUBTFUL

GaudiLab | Shutterstock

Robert McTeigue, SJ - publicado em 11/11/20

Afinal, você não pode se dar ao luxo de estar errado sobre questões moralmente graves

Verdadeiro ou falso: viver com uma consciência é como dirigir um carro com os freios puxados.

Minha resposta: Não exatamente!

É verdade que a consciência pode atuar como freio em nossa atividade moral, retardando-nos para que tenhamos tempo para refletir, para que não ajamos precipitadamente.

E, assim como os freios, uma consciência mal aplicada pode nos atrasar quando precisamos nos mover rapidamente, imaginemos, para sair do caminho de um trem que se aproxima (no caso de freios), ou para intervir para impedir o rapto de uma criança (em caso de consciência).

Da mesma forma, assim como os freios podem impedir um carro de cair de um penhasco, a consciência pode nos impedir de cometer um mal grave.

Infelizmente, também como os freios, uma consciência mal aplicada pode nos impedir de chegar ao nosso destino moral, porque vemos que a jornada será difícil e simplesmente não temos vontade de fazer o que precisa ser feito para chegar lá.

Consciência duvidosa

A consciência funciona como um poder de comando: “Faça isso! Não faça isso!” Mas e se a consciência não for suficientemente segura?

Como respondemos se nossa consciência tem dúvidas significativas sobre uma questão moral, mas ainda precisamos agir?

Talvez esta ilustração ajude. Imagine caçar na floresta. Você ouve um barulho, e então prepara seu rifle. Pode ser um cervo por perto! Ou pode ser outro caçador. Você ficaria desapontado ao perder um cervo. Mas você ficaria horrorizado ao atirar em um companheiro caçador. Você atira? Claro que não. Nenhuma pessoa moralmente sã faria isso.

Se você de fato ignora absolutamente que sua consciência está errada, você não é culpado por seu julgamento equivocado e não tem razão para acreditar que seu julgamento esteja errado. Mas o mesmo não pode ser dito se você for o caçador descrito acima e puxar o gatilho. Você agiu com a consciência duvidosa.

Ou seja, você sabe que não sabe se seu alvo é um cervo ou um homem. Assim, você viola a lei moral se puxar o gatilho, mesmo se acabar atirando em um cervo em vez de em seu vizinho. Você não fez nenhum esforço para evitar uma aparente violação da lei moral e estava preparado para agir, quer o ato violasse a lei moral ou não. Essa frouxidão moral é censurável.

Atitude perante a consciência duvidosa

Qual é a sua obrigação quando sua consciência está em dúvidas?

Você deve se esforçar para ter certeza moral. Pode-se fazer isso pelo método direto por raciocínio, investigação e consulta. Você pode aplicar o raciocínio às evidências. Pode investigar mais evidências. Você pode consultar especialistas e pedir conselhos. Você deve, como diz o jesuíta Austin Fagothey, “usar todos os meios que as pessoas normalmente prudentes estão acostumadas a usar, em proporção à importância do problema”.

Em outras palavras, você pode se dar ao luxo de estar errado sobre adicionar um ingrediente a uma receita de bolo. Mas você não pode se dar ao luxo de estar errado sobre quando puxar o gatilho de seu rifle de caça quando não tiver certeza de seu alvo. Dado o assunto grave (vida ou morte para um ser humano inocente), a coisa moralmente correta a fazer é não puxar o gatilho.

Quando ainda restam dúvidas na consciência

O que fazer se o método direto não produzir os resultados desejados?

Você pode recorrer ao método indireto.

Lembre-se de que a dúvida moralmente significativa tem dois lados. Você pode estar em dúvida sobre os fatos. E você pode estar em dúvida sobre sua obrigação em resposta aos fatos.

A primeira dúvida, em relação aos fatos, é dita teórica ou especulativa – dúvida que não pode ser resolvida, porque o método direto se mostrou infrutífero.

No entanto, a segunda dúvida, referente à obrigação, é chamada de dúvida prática ou operativa.

Novamente, o padre Fagothey resume sucintamente: “embora muitas dúvidas sejam invencíveis teoricamente, toda dúvida é vencível na prática. Uma pessoa pode ter certeza do que é obrigada a fazer, de como se espera que ela aja, que conduta é exigida dela, enquanto permanece em um estado de dúvida teórica não resolvida. Em outras palavras, ela descobre o tipo de conduta que é certamente legal para a pessoa que duvida. Este processo de resolver uma dúvida prática sem tocar na dúvida teórica é chamado de formação da própria consciência”.


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Tags:
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