Disco da apresentação solitária do cantor australiano, transmitida no auge da pandemia, chega a plataformas de streaming Acaba de chegar às plataformas Spotify e Apple Music o álbum Idiot Prayer: Nick Cave Alone at Alexandra Palace, registro ao vivo da performance do cantor australiano que foi transmitida ao vivo globalmente em 23 de julho, auge da pandemia. De maneira simbólica, representando o isolamento (e respeitando os protocolos), o artista se apresentou sentado a um piano de cauda, ao centro do salão West Hall do Alexandra Palace, portentosa casa de shows em Londres.
Idiot Prayer, a canção que dá nome ao projeto, tem no refrão o seguinte verso: “We will meet again” (“nos encontraremos novamente”) – um alento em tempos de distanciamento social. O repertório da performance mesclou canções de diferentes épocas dos seus mais de 40 anos de carreira, em interpretações densas e inspiradas. Além da faixa-título, tirada do álbum The Boatman’s Call (1997), destacam-se a delicada versão de Galleon Ship, o segundo single, que encerra a apresentação de 90 minutos, e a emocionante interpretação de Into My Arms. Depois da transmissão original, o show estreou no cinema, em diversos países, em 5 de novembro.
Intimista
A apresentação no Alexandra Palace é quase uma evolução da turnê Conversations, com a qual excursionou no ano passado, em que se apresentou sozinho, sem o Bad Seeds (banda que é quase uma orquestra e o acompanha desde 1987), interpretando versões mais despidas de suas canções em atmosfera intimista. Apresentado em locais menores, o espetáculo trazia conversas desconstraídas com o público entre uma canção e outra. Vazio que reforça o caráter urgente do novo trabalho, cujo filme forma uma trilogia com os documentários 20.000 Days on Earth (2014) e One More Time with Feeling (2016), sobre a obra e o processo criativo do artista.
Zeitgeist
Nick Cave tem uma qualidade rara em um artista que é a de captar o Zeitgeist, expressão alemã que significa capturar o espírito do seu tempo. Cantor, compositor, pianista, escritor e roteirista de cinema, o artista tende a expressar com profundidade questões contemporâneas e se posicionar na vanguarda das tendências de cada época. Logo, nada mais atual do que lançar um projeto sólido e simbólico como esse, que representa o isolamento em plena pandemia, de maneira dramática e poderosa, como de costume.
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