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A difícil tarefa de crescer

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Juan Ávila Estrada - publicado em 29/11/20

Os adolescentes precisam de pais pacientes, que respeitem seus espaços de intimidade, mas com a firmeza de um coração que educa com amor

É mais fácil julgá-los que guiá-los; censurá-los que iluminá-los; proibi-los que educá-los. Sempre falamos deles como uma geração cada vez mais decadente, filhos de um mundo superficial e que se transforma aceleradamente; dependentes da tecnologia, do sexo, do ócio e do tédio. Mas não é fácil ser adolescente.

Eles nos parecem cada vez mais estranhos, mais distantes, com uma brecha entre gerações quase intransponível e com um vocabulário que não é fácil de entender.

Mas é que às vezes nem eles mesmos se entendem, pois crescer não é simples. E não é simples porque todo crescimento comporta sofrimento, uma metamorfose, e nenhuma mudança acontece tranquilamente, já que todas trazem consigo uma espécie de dor.

A adolescência como tal implica em um padecimento (o termo “adolescente” vem do latim “adolescere”, “padecer”). Esta época de grandes mudanças físicas, emocionais, espirituais e psicológicas, na qual a pessoa é estranha a si mesma e ao mundo, é a idade do desconhecimento de si mesmo, pois se experimentam coisas novas, e o adolescente se sente como se estivesse no corpo de um alienígena.

Nesta fase, começam as mais fortes pulsões sexuais, como um fogo que devora, até abrasar a carne, e é então que se acredita que tudo o que se experimenta, afetiva ou emocionalmente, pode ser chamado de amor: a necessidade do outro, o enamoramento, a vontade de estar com, sentir saudade etc. Não é simples ser adolescente.

Liberdade

São os anos do entusiasmo, da luta por conquistar uma liberdade que ainda não entendem e com a qual não sabem o que fazer para não acabar estragando a vida com suas decisões; é a fase de brigar com Deus para entronizar a razão, de rejeitar a fé por achar que ela entra em conflito com a lógica do pensamento novo que borbulha no próprio interior, que quer crescer e ser adulto.

Não é fácil sentir coisas “de adultos”, para as quais ainda não estão preparados, nem tanta vontade de sexo e solidariedade, de altruísmo efêmero e de amor pela natureza.

É a idade da força física e da fraqueza emocional, dos desejos de mudar o mundo, deixando o próprio coração intacto. Não é fácil ser adolescente.

São estranhos, sim. Estanhos sobretudo para si mesmos, e não aceitam reprovação, mas compreensão; não aceitam censura, mas guia. E é aí que os adultos podem estender-lhes a mão para tornar um pouco menos dolorosa a tarefa de crescer.

Eles não precisam que enchamos seus bolsos ou carteiras de preservativos, a cabeça de broncas, o coração de mais dúvidas e o ego de burlas.

Os adolescentes precisam de pais pacientes, que saibam responder oportuna e adequadamente aos seus interrogantes, respeitando seus espaços de intimidade; que saibam respeitar a intimidade das suas consciências, mas ter a firmeza de um coração que educa com amor e guia com a serena certeza de estar no caminho certo, em meio às tempestades.

Pais que não tenham medo das asas que crescem, e não recorram à tesoura para mutilar sua vontade de voar. Porque eles precisam aprender a voar.

Os adolescentes precisam de amigos da sua idade para perceber que não são únicos em sua “raridade”; mas também precisam de educadores que saibam acabar com o bullying quando as mudanças de alguns sejam mais bruscas que dos outros.

Precisam de mestres espirituais, homens e mulheres de Deus, que lhes mostrem um Senhor que não vem para obstaculizar seu anseio por liberdade, mas, pelo contrário, nele podem encarnar melhor o que significa erguer as asas rumo ao horizonte futuro.

Mas também precisam ser pacientes, saber que toda esta dor passará, que a pressa não traz mais do que cansaço e desolação. Que aprendam a fazer coisas de adolescentes, que cultivem a amizade, ampliem seu círculo afetivo, pois é nele que surgem as maiores e nobres relações do futuro fraterno.

Enfim, que nunca se esqueçam de que não se é criança para sempre, nem adolescentes para sempre, nem jovens para sempre, nem adultos para sempre, nem mortos para sempre.


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