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Médico abraça paciente com Covid-19 que chorava sem parar

HUG

Go Nakamura-GETTY IMAGES NORTH AMERICA-Getty Images via AFP

Dolors Massot - publicado em 02/12/20

Este é o retrato de muitas UTI's mundo afora: pacientes em desespero e profissionais da saúde fazendo o que podem para garantir não só o tratamento físico

Este é o retrato de uma UTI com pacientes de Covid-19 nos Estados Unidos. Mas o que aconteceu lá está acontecendo no mundo inteiro: pacientes em desespero e médicos dando a vida para garantir mais do que o tratamento do corpo. 

No Dia de Ação de Graças, Joseph Varon não foi comer em casa. Ficou no United Memorial Hospital de Houston (Texas, Estados Unidos), onde trabalha. Ele almoçou em pé com um colega. Tinha muito trabalho com os pacientes, especialmente os com Covid-19.

Consolo e abraço

O médico estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) quando viu um paciente chorando. O senhorzinho estava angustiado e queria sair do quarto. Varon explicou à CNN: “Então, eu me aproximei dele e perguntei por que ele estava chorando. O paciente respondeu que queria ficar com a esposa dele.”

Naquele momento, Varon tentou acolhê-lo. “Eu o agarrei e abracei. Senti muita pena dele. Me sentia triste, assim como ele”.

Um fotógrafo da agência Getty foi testemunha daquele momento. A foto viralizou em poucos minutos. É, de fato, um retrato de como se sentem os doentes de Covid-19 e os médicos que os atendem. Aquele abraço cheio de afeto compensou todos os abraços que não puderam ser dados.

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Go Nakamura / GETTY IMAGES NORTH AMERICA via AFP

O inferno do isolamento 

O médico explicou que aquele não foi o primeiro paciente que ele viu naquela situação. “Um paciente escapou pela janela outro dia. Eles ficam tão isolados que eram ir embora. É muito triste”.

De fato, é difícil ficar sozinho, sem se comunicar com a família durante dias, semanas e até meses. Os sentimentos de medo e tristeza inundam os corações. Mas os médicos pouco podem fazer nesses casos. “Temos tantos pacientes que, às vezes, não conseguimos abraçar todos, pegar nas mãos deles ou ao menos sermos mais humanos”, disse Varon.

Uma foto para facilitar 

Mas este médico encontrou uma forma de humanizar o tratamento através de pequenos detalhes. Por exemplo: ele leva uma foto sua sobre o peito para que os pacientes o reconheçam, apesar da máscara e dos equipamentos de proteção para evitar o contágio.

JOSEPH VARON
Go Nakamura-GETTY IMAGES NORTH AMERICA-Getty Images via AFP

Mais de 8 meses sem descanso

No Dia de Ação de Graças, Varon contabilizava 256 dias de trabalho, sem descanso. “Não sei como não desabei ao abraçar aquele paciente”, revelou.

Mas a jornada exaustiva não acomete só os médicos. “Minhas enfermeiras choram na metade do expediente”, disse o profissional. 

Responsabilidade de todos

Depois de ver uma imagem como a de um abraço em uma pessoa em situação máxima de vulnerabilidade, precisamos pensar se estamos seguindo todos os meios para freiar o contágio do coronavírus.

As palavras do médico são claras: “Trabalhamos todos os dias e as outras pessoas fazem tudo errado: vão a bares, restaurantes, centros comerciais… É uma loucura. Elas não nos ouvem e terminam na UTI. Não quero ter que abraçá-las”, diz o doutor. Além disso, o profissional implora: “Sigam as orientações, e o pessoal da saúde, como eu, poderá descansar”.


NESTOR RAMIREZ

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