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O que é idolatria: ter um “deus sob medida” a quem nos sacrificamos

Idolatria

Nuvolanevicata | Shutterstock

Francisco Vêneto - publicado em 11/12/20

Na relação com os ídolos, é comum que se sacrifique muita coisa a eles em troca de supostos benefícios

O que é idolatria: ter um “deus sob medida”. Essa definição resumida e ao mesmo tempo exata foi proposta pela colunista Ana Lydia Sawaya em artigo de abril de 2020 para o jornal O São Paulo, da arquidiocese paulistana.

Ana Lydia, que é conselheira do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, descreve esse “deus sob medida” como “algo ou alguém que construo com os meus pensamentos, atos e palavras, que venero incondicionalmente e dou um valor absoluto”.

É possível idolatrar o dinheiro, a fama, a própria imagem, a ideologia política, a seita religiosa, os filhos, o marido ou a esposa, o parceiro ou a parceira…

E, como costuma ocorrer na relação com os ídolos, é comum que se sacrifique muita coisa a eles em troca de supostos benefícios. O idólatra, afinal, espera que seus ídolos o recompensem de alguma forma por idolatrá-los.

O que é idolatria: ter um “deus sob medida”

Por isso, o idólatra faz as suas escolhas com base no seu ídolo, “distorcendo a realidade, abandonando-se a falsas ilusões, tornando tudo vazio e inconsistente”. O ídolo, bem observa Ana Lydia, “manipula o ser humano”. A relação com o ídolo é “falsa, ilusória, vazia, sem capacidade de mudar a história”.

E, muitas vezes, a “culpa” nem é do ídolo. O dinheiro, por exemplo, não é ruim. Ruim é o que se faz quando se idolatra o dinheiro. A esposa ou o marido podem ser muito bons. Ruim é quando um cônjuge idolatra o outro, “distorcendo a realidade”.

É frequente ver relações idolátricas com a religião: acontece quando se tem uma imagem falsificada de Deus e se idolatra essa imagem, em vez de adorar-se o Deus autêntico. A história nos fala de ídolos como o bezerro de ouro ou o deus cananeu Baal, vinculado à fertilidade e à abundância.

Ana Lydia Sawaya comenta:

“Vivemos uma relação idolátrica quando as práticas religiosas não tocam o fundo do nosso coração, sem nos ‘ferir’ e comover, sem nos fazer mudar o modo de ver e entender a realidade. Tornam-se práticas exteriores que não convertem, não fazem mudar de posição: do ser escravo do ídolo para a liberdade na relação com as coisas, as pessoas e o próprio Deus. Cria-se uma dissociação entre prática religiosa e vida real”.

E qual é o remédio?

Ela prossegue:

“A relação idolátrica é rompida quando se estabelece uma relação sincera com o Senhor. Quando voltamos, de fato, nossos olhos e nosso coração para Ele. Quando suplicamos com toda a sinceridade: ‘Senhor, Jesus Cristo, tem piedade de mim. Salva-me! Ensina-me! Mostra-me o caminho!’. A relação com Deus deve substituir a relação de dependência absoluta com as coisas e as pessoas. O coração de carne que se comove na relação com Deus é o antídoto para os males atuais”.

Na prática, o verdadeiro amor a Deus se traduz em obras, como a Bíblia deixa claro: “A fé sem obras é morta”. O próprio Jesus explicou quais são as obras que comprovam o amor a Deus mediante o amor ao próximo: as obras de misericórdia, das quais seremos chamados a prestar contas.

O artigo de Ana Lydia acrescenta:

“Os profetas bíblicos nos advertem: não é antes a mudança das estruturas sociais, políticas ou econômicas, mas é a mudança das pessoas, que retomam um relacionamento vivo com Deus, a verdadeira solução para nossos males”.

E finaliza:

“Deus não deixará de responder a quem O invoca com sinceridade, dando a graça da justiça e do direito sobre a terra. Achar que podemos construí-la só com as próprias mãos é idolatria”.



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