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Oração, uma luta?

EDUARDO VERASTEGUI

fot. Jeffrey Bruno/ALETEIA

Reportagem local - publicado em 13/12/20

Reflexões sobre a oração, na companhia do papa emérito Bento XVI

Talvez hoje a afirmação de que a oração é uma luta possa ser revolucionária, inclusive um pouco estranha, devido a que muitas pessoas costumam relacionar a oração à meditação, à paz, à tranquilidade e ao silêncio.

Utilizar o símbolo da luta faz referência à força de ânimo, à perseverança e à tenacidade para alcançar o que se deseja. É por isso que a luta tem uma profunda relação com a existência da oração. Nesta ocasião, o Papa Bento XVI foi quem me fez refletir sobre este tema, a partir de suas catequeses.

Muitas pessoas me comentaram que não gostavam do jeito como o Papa Bento XVI pregava, dada a complexidade das suas reflexões teológicas. Eu acho, no entanto, que tais reflexões nos permitem conhecer a fundo a espiritualidade que radica na oração do papa emérito e, neste sentido, poder crescer com sua experiência espiritual, bem como fortalecer nossa relação com o Senhor Jesus e amadurecer na fé.

Coincido com o Papa Bento em que a luta e o encontro com Deus – a oração – estão presentes na vida do cristão. O fato de que a oração às vezes se assemelhe a uma luta não lhe confere um caráter negativo. Muitas coisas realmente importantes na vida exigem de nós muito trabalho e luta.

Penso que uma experiência comum se dá quando queremos fazer silêncio em osso interior para orar. Certamente, surgem milhares de ideias em nossa cabeça, lembranças, tarefas, entre outros, que complicam este espaço que queremos ter junto ao Senhor.

Métodos

A luta por fazer silêncio e utilizar certos métodos, como ler a Bíblia, escrever em um caderno o que queremos dizer ao Senhor, certamente nos ajudam a concentrar-nos no objetivo de orar.

Nas catequeses dedicadas à oração, atrevo-me a dizer que o que Bento XVI faz é ensinar ao mundo que o cristão está chamado a entrar m uma relação pessoal com Deus, relação na qual eu só posso ganhar, quando não fico tentando controlar Deus.

A oração de petição também pode se assemelhar a uma luta. Provavelmente, esta é a oração mais comum dos cristãos. Nela, nós nos colocamos em atitude de oração para pedir algo a Deus. E devemos fazer isso, pois o próprio Jesus nos convidou a orar assim: “Pedi e recebereis” (Mt 7, 7; Lc 11, 9).

As expectativas são colocadas em que Deus faça aquilo que lhe pedimos. E aqui nos aproximamos do mistério e nos agarramos à esperança de obter o bem que desejamos. O que pedimos vai se cumprir? O que tenho de fazer para que isso aconteça? São perguntas que não podemos responder, porque só Deus sabe o que será. Mas isso não deve nos levar a duvidar da existência de Deus ou pensar que a nossa vida é uma incerteza absoluta.

Nossa vida é como uma longa noite de luta e oração. É um corpo a corpo com Deus, como Jacó, com o desejo de receber sua bênção e obter seu amor, que contém tudo aquilo por que ansiamos e pedimos na oração.

O Papa Francisco nos convidou a rezar com coragem e insistência ao Senhor. Então, nossa oração é autêntica quando o objetivo da sua insistência é fortalecer nossa relação de amor e amizade com Ele. Assim, por meio da oração, podemos aprofundar em seus misteriosos caminhos, que se tornam também os nossos caminhos.


Papa Francisco

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