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Importantes lições que aprendi durante o Advento

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Michael Rennier - publicado em 21/12/20

O Advento nos desperta para importantes sabedorias, que envolvem o custo do amor e o objetivo de nossa existência

Todas as noites do Advento, quando nossa família se reúne para jantar, acendemos as velas de nossa coroa do Advento. À medida que os dias passam e o Natal se aproxima, as velas diminuem cada vez mais. Eventualmente, a vela violeta que acendemos durante a primeira semana do Advento pode até mesmo queimar totalmente.

Com o passar dos anos, percebi que todo símbolo cristão carrega um significado que transborda do que podemos entender como considerações puramente espirituais para considerações mais práticas. Esses símbolos não se referem apenas à Igreja – eles dão frutos na vida cotidiana. Entre esses símbolos estão as velas. As velas não são comuns apenas nas coroas do Advento, mas também em batismos, funerais e missas. As velas simbolizam não apenas a luz de Cristo, mas também o conceito de sacrifício. Para alimentar a chama, precisamos queimar a cera lentamente e, com o tempo, as velas começam a desaparecer.

Meu presépio

Como muitas famílias, além de armar uma coroa do Advento, também decoramos nossa casa para o Natal. As crianças montaram nosso pequeno presépio sob a árvore de Natal. O menino Jesus ainda não chegou – ele não aparece até o Natal. Os Reis Magos também não chegaram. Eles ainda estão seguindo a estrela e não devem chegar até a Epifania.

As crianças gostam de se revezar para mover os Reis Magos pela casa, fingindo que estão passando por consoles de lareira e prateleiras em seu caminho tortuoso para Belém. Os pastores, no entanto, estão lá no presépio. Eles estão esperando pacientemente com os animais. Os anjos também estão prontos, pairando sobre a manjedoura vazia onde Maria e José já estão ajoelhados. Todos parecem ter fé que Cristo chegará, como sempre disse que faria.

Antes do Natal

O presépio antes do Natal é estranho porque as estatuetas se aglomeram ao redor de uma manjedoura vazia. Não só é estranho que todos eles estejam olhando para um espaço vazio, mas eles estão esperando que ele seja preenchido por um bebê humano.

As manjedouras, é claro, não foram feitas para segurar bebês humanos. Elas não são berços. Esperar que algo diferente de ração animal preencha aquele espaço vazio me parece um ato de fé extraordinária.

Mesmo quando o menino Jesus aparece na noite de Natal – como sempre faz – e repousa em seu lugar na manjedoura, o presépio não é menos estranho. Jesus substituiu a comida. Desde o momento de seu nascimento, pela grandeza de seu amor, Ele está pronto e disposto a ser consumido, a ser tomado como pão, partido e transformado em alimento. Existem tremendas implicações espirituais para este fato, mas vamos considerar as implicações práticas, as perguntas que você e eu podemos nos fazer sobre a natureza de nosso amor por nossa família e nossos amigos. É esse o custo do amor? Para ser consumido?

Manjedoura e sacrifícios

Sim, esse é o preço. Quando nos comprometemos um com o outro, seja no casamento, no vínculo de amizade ou no relacionamento entre pais e filhos, esse compromisso nos coloca bem ali naquela manjedoura. Lá nós somos consumidos. Tornamo-nos um sacrifício. Tornamo-nos um presente.

É quase inacreditável que as pessoas vivam dessa maneira, que consentiríamos no casamento e na família e na criação dos filhos sabendo que, por meio dessas complicações, estamos consentindo em entregar nossas vidas, não viver mais para nós mesmos, mas para o bem dos outros. Mesmo um rápido encontro com a virtude do amor, mesmo o mais tímido ato de dom de si, rapidamente revela que abrir nossas almas para outra pessoa é a própria definição do florescimento humano. E ainda, por tudo isso, não é menos um milagre.

Advento e família

Certamente há momentos em que o amor pela família, pelos amigos ou mesmo pela humanidade em grande escala nos consome a ponto de não termos mais nada para dar. O amor não é fácil. Temos que ser honestos, pois isso tem um custo. A criança na manjedoura é prova disso. As velas do Advento queimando até tocos são prova disso.

Escrever sobre o simbolismo das velas me lembra uma carta que Chiara Petrillo escreveu a seu filho em seu primeiro aniversário. Chiara Petrillo – se você não conhece a história dela – ela teve câncer enquanto durante a gravidez. Entretanto, recusou o tratamento para a doença porque a  medicação poderia prejudicar o bebê. Pouco depois de dar à luz, ela morreu. Antes de fazer isso, ela escreveu uma carta ao filho na qual declarava não se arrepender de nada. Ela lhe diz que o amor é o coração da existência, escrevendo: “O amor nos consome, mas é lindo morrer consumido, exatamente como uma vela que só se apaga quando atinge seu objetivo.”

A beleza do Advento

É isso que vejo nas velas gastas em nossa coroa do Advento e no Menino Jesus em sua manjedoura. Eu vejo uma beleza enorme – o custo do amor e o objetivo de nossa existência.

Enfim, reunindo-me em volta da árvore de Natal com minha esposa e seis filhos, percebo que, embora às vezes eles me deixem exausto, embora tenham me deixado muitas noites sem dormir, com ansiedades e temores pelo futuro, embora discutam e me desafiem, eu seria menos do que nada sem eles. Se o preço para tê-los em minha vida é deitar na manjedoura ao lado de Cristo ou fazer uma vela para mim, bem, isso só pode fazer a chama brilhar mais forte.




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