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Cristãos sofrem “genocídio calculado” na Nigéria, afirma bispo

BOKO HARAM NIGÉRIA

Audu Marte | AFP

Francisco Vêneto - publicado em 22/12/20

A ACNUR, agência de refugiados da ONU, estima em mais de 2 milhões o total de deslocados internos da Nigéria

Cristãos sofrem “genocídio calculado” na Nigéria, afirma o bispo de Gboko, dom William Avenya. Ele fez esta denúncia ao Congresso nigeriano em 17 de dezembro e enfatizou que o mundo não pode mais ignorar o “genocídio” que os cristãos do país estão sofrendo.

A audiência com os parlamentares tratou do tema “Conflitos e Assassinatos no Cinturão Médio da Nigéria”, que é uma região da parte central do país na qual fanáticos islâmicos têm atacado vilarejos de maioria cristã com brutalidade crescente. A violência é tamanha que “cumpre os critérios para ser definida como um genocídio calculado segundo a Convenção sobre Genocídio”, denunciou dom William.

O bispo descreveu a região como “um vale de lágrimas onde os enterros em massa se tornaram comuns”.

De fato, os dados do International Crisis Group apontam média superior a 2 mil mortes por ano entre 2011 e 2016 na área do Cinturão Médio. Só em 2020, houve só nessa região 600 assassinatos vinculados à perseguição contra os cristãos.

Boko Haram, Fulani e Iswap

Os ataques são perpetrados principalmente pelos militantes Fulani e por grupos terroristas como o sanguinário Iswap (sigla em iglês para Estado Islâmico da Província da África Ocidental). Este é o novo nome adotado pelo bando jihadista Boko Haram, que, aliás, sofreu uma dissidência: os terroristas que se separaram do bando original criaram um novo grupo, que continua se apresentando como Boko Haram.

Quanto aos Fulani, trata-se de pastores nômades islâmicos fundamentalistas que vêm atacando aldeias cristãs com violência equiparável à dos grupos terroristas. Eles são hoje o principal vetor do conflito no Cinturão Médio. O episcopado católico denunciou ainda em 2017 que os Fulanis estavam usando armamentos sofisticados, o que denota um grau de preparo premeditado em suas investidas contra povoados e igrejas cristãs.

Cristãos sofrem “genocídio calculado”, mas autoridades não agem à altura

As autoridades nigerianas, acusadas reiteradamente de incompetência para lidar com o cenário de massacres, alegam que as causas da violência são complexas. Enquanto isso, a ACNUR, agência de refugiados da ONU, estima em mais de 2 milhões o total de deslocados internos da Nigéria – mas a própria ONU se mostra pouco ativa em impulsionar medidas de proteção à população perseguida e de solução para as raízes da violência.


BOKO HARAM NIGÉRIA

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Dom William Avenya é um dos bispos que acusam o governo da Nigéria de fracasso em proteger os cristãos do país. A respeito de um recente atentado em que mais de 100 pessoas foram decapitadas pelos fanáticos, ele declarou:

“Como é possível explicar um cenário em que centenas de moradores inocentes e indefesos do interior do país são mortos num só ataque e ninguém diz nada? Parece que o sistema não apenas permitiu, mas também está ajudando a entronizar as visões supremacistas de um grupo religioso sobre os outros”.

Além das chacinas, a Nigéria sofre o flagelo dos sequestros. Neste mês, o Boko Haram se declarou autor do sequestro massivo de mais de 300 crianças de uma escola do noroeste do país, quase ao mesmo tempo em que, no sudeste, um padre foi raptado por homens armados. Em ambos os casos, os reféns foram libertados – o que nem sempre acontece, já que, também neste ano, causou consternação mundial o assassinato covarde de um seminarista que havia sido sequestrado com outros três companheiros de seminário.


Les actes terroristes sont presque quotidiens au Nigeria

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