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O mistério inevitável da vida

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Carlos Padilla Esteban - publicado em 01/01/21

Não podemos desvelar todos os mistérios, mas sim caminhar rumo ao infinito, seguros em Deus, e saber que lá descansaremos para sempre

O protagonista do filme “O médico” perguntava ao seu professor se este não se desanimava ao perceber quão pouco sabia do homem e da vida, ao contemplar o mistério do universo. Ele respondeu com simplicidade: “O mundo seria cinza e entediante se não existisse o mistério. É surpreendente saber que é mais o que ignoro que o que conheço”.

Mas é fato que o homem de hoje perdeu o gosto pelo mistério. Ele já não gosta do desconhecido e quer conhecer tudo. Porque dentro de nós há um desejo de infinito, de possuir o que não temos, de desvelar os mistérios, rasgar o véu e conhecer toda a verdade.

Gostaríamos de que a vida não tivesse mistérios por desvelar, queremos saber tudo. Não somente o mistério da vida, mas o das pessoas. Não gostamos de que nos escondam nada. Perguntamos e perguntamos. Porque nos julgamos no direito de estar a par de tudo. Queremos saber o que acontece em todos os lugares. Os mistérios nos confundem.

Queremos dar razões do que acontece e encontrar sempre respostas corretas, adequadas, que nos deixem satisfeitos. Que um raciocínio lógico e claro dê explicações da vida. Não queremos perder a verdade. Não gostamos das sombras nem da escuridão.

As crianças, quando completam 3 ou 4 anos, começam a fazer muitas perguntas. Querem saber tudo e não admitem um “não” como resposta. São exploradoras, buscadoras e querem respostas que revelem o mistério da vida.

Todos nós temos uma criança de 3 ou 4 anos em nosso interior, uma criança que se pergunta mil porquês e que gostaria de obter mil respostas. O oculto tem de ser exposto à luz do sol. Assim, não haverá dúvidas e saberemos o que fazer em cada momento.

Mas assim já não nos surpreendemos. É como se nada pudesse despertar nossa capacidade de assombro. Já sabemos tudo e nada nos chama a atenção.

Sendo sinceros, temos de reconhecer que muitas perguntas não têm resposta em nosso coração. Não sabemos tudo porque isso é impossível.

Mas o cristão não tem medo quando contempla o universo e entende que não abrange o infinito. Não é nossa meta desvelar todos os mistérios. Nosso fim é caminhar rumo ao céu, rumo ao infinito, e saber que lá descansaremos para sempre. Enquanto isso, caminharemos seguro em Deus, ainda que não saibamos tudo.

O Pe. Kentenich dizia: “O momento atual requer pessoas que tenham paz interior, que sejam provadas interior e exteriormente, muito acima da incerteza e da dúvida. Mas que recebam da união santa com Deus a força necessária para imprimir o rosto de Cristo na época”.

A incerteza e a dúvida são parte da nossa equipagem. Não podemos prescindir do que desconhecemos.


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