Desde o início, os cristãos buscaram as elevações para construir templos à glória de DeusO que têm em comum os mosteiros e igrejas do Monte Saint-Michel (França), do Monte Athos (Grécia), do Monte Saint Michael (Inglaterra), da Sacra di San Michele (Itália), de Jasna Gora (o Monte Luminoso, na Polônia)?

Todos esses templos cristãos foram construídos em terrenos com destacada elevação. Assim como eles, inúmeros outros mosteiros e igrejas de todo o mundo, desde os inícios do cristianismo, foram construídos em montanhas ou no topo de colinas.
Existem até alguns, como o mosteiro ortodoxo de Varlaam, em picos tão íngremes e solitários que só são acessíveis para quem ousar subir puxado por uma corda!
Por que isso? Qual é o significado?
A maioria das culturas antigas tinha a crença de que “a divindade reside nos céus”, fisicamente falando. A mitologia grega, por exemplo, cultuava o Monte Olimpo como a célebre “morada dos deuses”.
No Antigo Testamento, vemos episódios como a conversa entre Deus e Moisés no Monte Horeb. Outro lugar sagrado para o povo judeu é o Monte Carmelo, sobre o qual Elias construiu um altar para Deus e desafiou sacerdotes pagãos a oferecerem sacrifício. A própria cidade santa de Jerusalém está situada sobre o Monte Sião.

Mesmo com a Encarnação de Jesus, os montes continuaram associados ao divino. Jesus pregou as Bem-Aventuranças no topo de um monte – dentro de um discurso que, justamente, se tornou conhecido como o Sermão da Montanha. Ele transfigurou no Monte Tabor. Ele viveu momentos de agonia, depois da Última Ceia, no Monte das Oliveiras. Ele realizou o supremo sacrifício da cruz no Monte Calvário.
Parece que, quando criou o mundo, Deus colocou nos lugares altos uma espécie de “impressão digital” da Sua glória e grandeza. Quando subimos ao topo de altas montanhas e colinas, brota dentro de nós um intenso sentimento de admiração. Para o cristão, esta experiência se torna ação de graças. Não é surpreendente, então, que tantos altares a Deus tenham sido edificados em grandes elevações: é uma forma de dizer “obrigado” ao Criador de tantas vistas que O evocam espontaneamente.
Mundo afora, inúmeros santuários continuam a ser construídos em lugares altos e cênicos que, literalmente, nos ajudam a elevar a alma “até as alturas”, como gostava de dizer o Beato Pier Giorgio Frassati.