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5 maneiras de manter a paz em casa – mesmo com crianças

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Kathleen M. Berchelmann, MD - publicado em 03/01/21

A paz não é um desejo, é uma necessidade

É difícil dizer que a minha casa é um lugar “pacífico”: temos cinco filhos, de 9, 7, 4 e 2 anos, e o caçula com 2 meses. Mas fizemos algumas mudanças intencionais, há cerca de dois anos, que trouxeram momentos de paz para a nossa vida diária: as crianças fazem tarefas, cozinham e brincam juntas sem todos aqueles gritos, ciúmes e rivalidades de irmãos que costumavam atormentar o nosso tempo juntos.

Mudar o nosso jeito de ser pais foi difícil: a nossa opção inesperada pelo “homeschooling” forçou o meu marido e a mim a sincronizar as nossas “técnicas de paternidade” e a ter objetivos bem claros sobre as nossas escolhas parentais. Com ou sem “homeschooling”, o fato é que cada família precisa de momentos de paz compartilhados por todos. A paz não é um desejo: é uma necessidade. Se a sua família quer conviver bem, com cada um amando os outros, é preciso ensiná-la a viver em paz.

Compartilho por isso os cinco pontos que estão ajudando a nossa família a ter mais paz em casa:

1. A atitude é uma escolha

Eu digo isso o tempo todo, como um disco riscado: “A atitude é uma escolha”. Nós ensinamos aos nossos filhos a diferença entre sentimentos e atitude. Você pode até não ser capaz de controlar as suas emoções e sentimentos, mas pode controlar a sua atitude. Nosso menino de 4 anos às vezes não gosta de ver que a irmã ganhou um lanche maior que o dele, mas tem que controlar a atitude e pedir gentilmente para dividir,em vez de arrancá-lo das mãos dela.

Quando eu era médica recém-formada, aprendi a controlar a minha atitude da maneira mais difícil. Um bebê de quem eu tinha passado meses cuidando no hospital faleceu inesperadamente. Passei duas horas com uma equipe de profissionais tentando salvar a vida dele. Mas…o bebê morreu, apesar de todos os esforços. Eu me sentei ao lado da família dele e chorei. Quando aquele momento passou, havia uma longa fila de pacientes esperando por mim.

Cansada e estressada, eu lutei contra as lágrimas e atendi o próximo paciente. Fui impessoal e fiz algum comentário que a família dele achou rude. Eles se queixaram com o meu chefe sobre a minha atitude, o que me deixou em apuros. Aprendi assim a dura verdade: não importa se o meu último paciente morreu; eu tenho que entrar em cada quarto de cada próximo paciente com um sorriso no rosto e com uma atitude positiva. A atitude é uma escolha minha, mesmo quando os meus sentimentos não são.

Se eu não ensinar os meus filhos a controlar a atitude, alguém vai ensinar –e, provavelmente, não do melhor jeito. Às vezes, como forma de disciplina, os meus filhos têm de escrever uma redação para explicar como escolher a melhor atitude. Pode parecer exagero, mas o aprendizado de controlara atitude é fundamental para o sucesso em qualquer trajetória de vida.

Crianças com atitude negativa sofrem para fazer e manter amigos na escola. Adultos com atitude negativa são os primeiros a ser demitidos, não importa o quanto sejam inteligentes, qualificados ou dotados da melhor aparência.

Ah, sim, e eu tenho que controlar a minha atitude em casa, também. Quando não estou alegre, os meus filhos jogam na minha cara: “Mamãe, a atitude é uma escolha!”. Eles adoram me dizer isso quando eu fico brava, o que me leva para o ponto nº 2:

2. As palavras podem doer mais do que um tapa

Eu não bato nos meus filhos, mas demorei muito para perceber que poderia machucá-los com as minhas palavras. Já disse a eles coisas que jamais publicaria no meu blog. Eu fazia isso porque funcionava: eles realmente mudavam de comportamento na base do grito. Mas a mudança de comportamento nascida de feridas físicas ou emocionais não é eficaz nem duradoura. Como pais, nós temos que usar palavras ponderadas mesmo quando estamos irritados. Grite menos.Se possível, não grite nunca.

Em vez de se enfurecer, dê nome a cada tipo de comportamento. Nós passamos a indicar o nome de cada sentimento ou postura que percebíamos neles: “isto é inveja”, “isto é gula”, “isto é paciência”, “gentileza”, “diligência”, “caridade”. Foi estranho no início, mas eu adoro, hoje, quando a minha filha de 6 anos avisa ao irmão provocador: “Isso não é caridade!”.

Conseguimos bons resultados enfatizando as consequências e deixando os gritos de lado. Se alguém briga, eu só digo: “Isso não é gentileza”. E aplico à criança um tempo de “suspensão” da vida familiar:os pequenos vão passar uns bons minutos no banheiro sem poderem brincar; os mais velhos têm que fazer uma redação na qual reflitam por escrito sobre o seu comportamento. Às vezes,damos tarefas extras, fazemos um irmão prestar um serviço ao outro como reparação por tê-lo ofendido ou ressaltamos as consequências naturais de um ato: se algum deles rabiscou a própria roupa, vai continuar tendo que usar aquela roupa.

As palavras grosseiras não são aceitáveis nem ​​entre os irmãos. Não existe esse tipo de “liberdade de expressão” dentro da nossa casa. Eu não acredito naquela história de que “paus e pedras podem quebrar os meus ossos, mas palavras nunca vão me machucar”. Machucam, sim.Nós mostramos as consequências de ser grosseiros ou irônicos e pedimos que os nossos filhos pensem no porquê de agir assim. E explicamos a eles, também, que, no mundo fora de casa,existe aquela “liberdade de expressão”que permite dizer coisas desagradáveis, mas que, mesmo assim,eles não precisam necessariamente “bater de volta”. Isto nos leva ao ponto nº 3:

3. Cortar todo tipo de violência física

A rivalidade entre irmãos chegando às vias de fato é uma coisa frequente: irmãos se empurrando beliche abaixo, se atropelado com bicicletas, torcendo o braço um do outro…E é frequente a família rir desses “incidentes”, embora uma perna quebrada simplesmente não tenha graça nenhuma, em particular para a vítima. Um “tapinha” ou um “empurrãozinho”por raiva entre irmãos é violência. Se esse comportamento é ilegal fora de casa, também não é aceitável dentro de casa.

O bullying entre irmãos é um fato real e provoca sofrimento mental e físico real. Um estudo pediátrico de 2013 apontou que as crianças que sofrem comportamentos agressivos de irmãos apresentam índices maiores de distúrbios mentais.

Adote uma política de não tolerância a qualquer tipo de violência física: tapas, chutes, cuspes, mordidas, empurrões, lápis esfregados na pele e qualquer outra forma de agressão que eles  puderem imaginar. Nós falamos sobre o comportamento inaceitável e sobre as suas consequências todas as manhãs,em nossa reunião de família, o que me leva ao ponto nº 4:

4. Tenha uma reunião de família todas as manhãs

Grande parte das turmas, do pré-escolar até o ensino médio, tem uma “reunião” ou uma breve sessão de avisos no começo do dia. Por quê? Porque o esclarecimento do que se espera daquele dia evita discussões e maus comportamentos. Quando os nossos filhos estavam na escola, nós tínhamos a nossa “reunião” no carro a caminho das aulas. Agora, como “homeschoolers”, temos as reuniões na sala de estar. Tratamos da programação do dia, definimos as expectativas de comportamento e as consequências do mau comportamento.

Eu digo ao meu filho de 4 anos, por exemplo: “Seu irmão tem aula de piano às 3h30. Se você esperar comigo lendo este livro sem ficar se queixando, vamos construir juntos o dinossauro de Lego quando voltarmos para casa”.Também conversamos sobre o que faremos para o jantar e trocamos ideias sobre passeios em família. Quando as crianças aprendem a pensar no futuro, mesmo que num futuro imediato, elas se motivam para fazer bem as tarefas do dia. E isto nos leva ao ponto nº 5:

5. Planeje muitas coisas divertidas

Atividades divertidas são minha “moeda” como mãe,a motivação para incentivar os meus filhos (e a mim mesma) a trabalhar duro. Planeje coisas gostosas para a família todos os dias, mesmo que seja apenas um bom jantar ou 20 minutos para montar brinquedos de Lego antes de dormir. Eu planejo intencionalmente essas coisas, inclusive o jantar. Entre futebol, dança,música e atividades dos escoteiros, é difícil fazer alguma coisa juntos como família se não for planejado. Uma vez por semana, agendamos um passeio em família juntos. Aquela velha frase é verdadeira: família que se diverte unida permanece unida.

Ao estabelece esse “quadro de paz doméstica”, mesmo que nem tudo acabe dando 100% certo, nós proporcionamos aos nossos filhos a disposição e os meios para eles geriremos seus futuros relacionamentos com amigos, família, colegas de trabalho, vizinhos,colaboradores, chefes e figuras de autoridade.

E a sua casa será um mundo mais pacífico e muito mais feliz.

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