Aleteia logoAleteia logoAleteia
Quinta-feira 23 Março |
São José Oriol
Aleteia logo
Estilo de vida
separateurCreated with Sketch.

Como conter a “birra” de um adulto

web-angry-man-pain-furious-shutterstock_238166629-alexandru-logel-ai.jpg

Michael Rennier - publicado em 14/01/21

Queremos que nossos filhos pequenos domestiquem suas raivas. Mas precisamos olhar para nossa própria vida emocional e fazer o mesmo

Precisando de uma ideia para a esmola quaresmal?

Ajude-nos a difundir a fé na internet! Você poderia fazer uma doação para que possamos continuar criando conteúdos gratuitos e edificantes?

Faça aqui uma doação de Quaresma

Todos nós já tivemos aquele momento em que algo se quebra. Decepção, estresse ou raiva foram se acumulando e, de repente, não aguentamos mais. O que se segue é um acesso de raiva adulto. Ou seja: a famosa “birra” – comum nas crianças – também pode acometer um adulto.

De fato, já vi outras pessoas dando ataque de birra (ou raiva) e dizerem ou fazerem coisas horríveis. Nestes momentos, surgem palavras e ações das quais todos se arrependem imediatamente.

Quando se trata de ter acessos de raiva, as crianças recebem a maior parte da culpa. Nós, adultos emocionalmente maduros e perfeitamente racionais, fingimos que deixamos de lado as explosões infantis e superamos esse mau hábito de uma vez por todas. Se as crianças se apressassem e crescessem e fossem mais como adultos, pensamos, o mundo seria um lugar mais calmo.

Minha pergunta, então, é: por que vejo adultos tendo acessos de raiva o tempo todo? Por que me peguei no meio deles?

Como é a birra dos adultos

Bem, já não esperneio mais no supermercado quando quero uma barra de chocolate. Além disso, não choro para colocar os sapatos na hora de ir para a igreja. Eu também já não choro mais quando alguém abre meu pacote de iogurte. Nesse sentido, os adultos não fazem birras como as de crianças pequenas – mas estaríamos mentindo se disséssemos que deixamos os birras para trás.

Aprendemos a racionalizar nossas explosões. Mas estamos lidando com problemas adultos sérios. Então, de vez em quando, podemos explodir emocionalmente. Garanto-lhe, no entanto, que para uma criança as causas de seus acessos de raiva não são triviais. Elas estão respondendo à perda de controle e sentimentos de impotência.

Portanto, para elas, uma maneira de recuperar o controle é se recusar a calçar os sapatos, gritar ou fazer as duas coisas ao mesmo tempo. As crianças estão aprendendo a lidar com a decepção e a administrar desejos não realizados. Uma tampa de iogurte pré-removida pode parecer insignificante, mas as emoções relacionadas a ela são sérias. Daí a intensidade da birra.

O ciclo da birra

Essas emoções, se não aprendermos a controlá-las, nos seguem até a idade adulta. A intensidade da birra permanece a mesma, mesmo que a expressão seja diferente. Um adulto pode gritar, usar palavrões, jogar objetos, aplicar o tratamento silencioso, desistir completamente ou se tornar excessivamente crítico. E o que é pior: nós, adultos, somos muito melhores em justificar nossas ações. Então, alegamos que o acesso de raiva é aceitável porque tivemos um dia difícil, estamos apenas sendo honestos e outras pessoas não deveriam nos julgar.

Isso inicia um ciclo de confronto em que a vítima da birra também perde a capacidade de ser racional e responde na mesma moeda.  Uma luta feroz, portanto, está se formando, do tipo que pode destruir um relacionamento para sempre. Tenho visto famílias dilaceradas por esse ciclo de feedback negativo. Eu vi amigos pararem de se falar para sempre por causa dos ataques de raiva.

Como controlar a raiva

Se as crianças podem aprender a conter seus acessos de raiva, nós também podemos.

Em primeiro lugar, precisamos admitir que perdemos o controle de nossas emoções de vez em quando. Tudo bem. O estresse faz isso. No entanto, viver em negação não vai ajudar.

Em segundo lugar, uma vez que entendemos que nossas emoções estão nos conduzindo por um caminho escuro, precisamos de disciplina para colocá-las sob controle – ou pelo menos deixar a crueza das emoções diminuir. Isso significa passar algum tempo sozinho.

Eu conheço muitas pessoas que acreditam que a melhor maneira de argumentar é começar e não parar até que seja resolvido, não importa quanto tempo leve ou quão intenso se torne. Eu não concordo com este conselho. Uma coisa é ser proativo e não deixar uma discussão apodrecer, mas outra coisa é sujeitarmos uns aos outros a acessos de raiva, pensando que liberar toda a força de nossa frustração irracional sobre outra pessoa é de alguma forma útil. É muito mais produtivo reservar algum espaço para recuperar a calma. Ninguém merece suportar o impacto da birra de outra pessoa.

Tudo tem limite

Enfim, é importante estabelecer limites. Não importa quanta turbulência interior uma pessoa esteja sentindo: não é certo expressá-la de certas maneiras. Em um furor emocional, é muito fácil dizer ou fazer coisas que não queremos. Mas essas palavras nunca podem ser apagadas, e causam danos a longo prazo.

Além disso, precisamos ter cuidado para não transferir nossa frustração injustamente para outras pessoas. Só porque tive um dia estressante no trabalho, não significa que posso ser terrível com minha esposa e filhos quando chegar em casa.

Temos acessos de raiva quando sentimos perda de controle. Ninguém entende, ninguém tem empatia, nunca vai melhorar. É uma ação de desespero. No ano passado, muitos adultos fizeram birra. De fato, isso aconteceu de forma privada, em público, coletivamente, nas redes sociais – em todo o lado.

Tivemos um ano particularmente desafiador, mas não podemos ter isso como desculpa.  Pelo contrário: ao invés de focar no negativo e ceder a mais acessos de raiva, vamos resolver assumir o controle de nosso próprio destino, ter empatia, amar uns aos outros e ter alegria!


SAINT JEROME

Leia também:
Como lidar com a raiva excessiva? São Jerônimo explica

Tags:
raivasentimentos
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Oração do dia
Festividade do dia





Envie suas intenções de oração à nossa rede de mosteiros


Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia