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Manaus: uma força-tarefa para salvar vidas

Manaus

AFP

Reportagem local - publicado em 15/01/21

Profissionais relatam o caos provocado pela falta de oxigênio nos hospitais que atendem pacientes de Covid. "A gente há chorou e não sabe mais o que fazer", disse médica

O sistema de saúde de Manaus entrou em colapso por causa da pandemia do coronavírus. Os casos de Covid-19 aumentaram muito e o número de mortes também. Mas foi a falta de oxigênio nos estoques dos principais hospitais da capital do Amazonas que levou muitas unidades de saúde ao caos.

As imagens que chegam pela TV e pela internet são assustadoras, cruéis, revoltantes, reais. O dia 14 de janeiro foi de verdadeira luta pela vida no Hospital Universitário Getúlio Vargas, um dos que são referência para o tratamento da Covid na cidade.

Pessoas chegavam a todo momento com falta de ar. Dentro da unidade, a triste constatação: o oxigênio – insumo básico no tratamento da da Covid-19, estava se esgotando.

Médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros heróis da saúde, começaram, então, uma operação de guerra para manter os pacientes internados respirando. Sem o oxigênio, eles começaram a “ambuzar”, ou seja, bombear manualmente o ar com as mãos através de uma bolsa. Uma tarefa extenuante e, muitas vezes, infrutífera.

Relatos desesperadores

Pelas redes sociais, profissionais de saúde relataram o caos que viveram nos hospitais. São desabafos tristes e mensagens de frustração. Desesperados, muitos médicos, enfermeiros e familiares viram pessoas morrendo por causa da falta de oxigênio.

Uma residente do Hospital Universitário Getúlio Vargas, que preferiu não se identificar, narrou o dia marcado por muito trabalho e tristeza:

“O estoque de oxigênio acabou no Hospital Getúlio Vargas por volta das 6h30. Sou médica residente e não costumo trabalhar diretamente no atendimento a pacientes com covid, mas, quando soube do que estava acontecendo, fui para a ala covid como voluntária porque os colegas precisavam de ajuda para ambuzar (ventilar manualmente) os pacientes. Nesse procedimento, a gente fica apertando uma bolsa ininterruptamente para bombear manualmente o oxigênio para o paciente. Aquilo cansa. Quando uma pessoa da equipe chega ao limite da exaustão, ela reveza com outra. Durante o tempo que fiquei na UTI, ajudei a ambuzar três pacientes. Um deles, de 50 anos, morreu na minha frente. Quando a gente vê que não tem mais jeito, iniciamos a morfina, para dar algum conforto. Tivemos que fazer isso com ele. Demos morfina e midazolam (sedativo). A gente já chorou e não sabe mais o que fazer. Só no Getúlio Vargas, foram pelo menos cinco óbitos pela falta de oxigênio.”

Angústia e desespero

Gabriela Oliveira, que também é residente no Hospital Getúlio Vargas, disse ao portal G1 que os médicos já não têm mais saúde mental para lidar com a situação caótica da pandemia:

“O que eu vivi hoje, nem nos meus piores pesadelos pensei que poderia acontecer. Não ter como assistir paciente, não ter palavras para acalentar um familiar. Isso é uma coisa que vai ficar uma cicatriz eterna nos nossos corações (…). Já não temos mais saúde mental para lidar com a situação que Manaus está enfrentando. Hoje acordamos no nosso pior dia, a falta do oxigênio em algumas instituições nos deixou desesperados. É muito angustiante a gente não ter o que fazer”, afirmou a médica.

Colapso funerário

Com o aumento no número de mortes, o sistema funerário de Manaus também entrou em colapso. No dia 13 de janeiro, por exemplo, foram 198 enterros. Os cemitérios estão praticamente lotados. De fato, foi preciso instalar câmaras frias para abrigar os corpos.

Além disso, as funerárias não têm veículos suficientes para transportar os corpos. Neste contexto, uma imagem impressionante teve destaque: familiares carregaram o caixão de um ente querido no próprio carro para fazer o enterro.

Manaus
AFP

SOS Manaus

Diante do caos em Manaus, vários Estados brasileiros se ofereceram para receber os pacientes da capital do Amazonas. De fato, eles já começaram a ser transferidos.

Além disso, dois aviões cargueiros da Força Aérea Brasileira chegaram a Manaus carregados com cilindros de oxigênio. A vizinha Venezuela também se ofereceu para enviar o insumo.

Por outro lado, artistas, cantores, influenciadores digitais e jogadores de futebol anunciaram que fizeram doações de oxigênio para os hospitais de Manaus. 

Que Nossa Senhora da Amazônia possa, portanto, interceder e colocar um fim em tanto sofrimento!


LUIS BARSALLO

Leia também:
Covid-19: conheça o “anjo do oxigênio”

Tags:
BrasilCovidPandemia
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