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E se você sentir que perdeu a sua vocação?

ARTIST

Shutterstock-WAYHOME studio

Michael Rennier - publicado em 18/01/21

Todo mundo tem uma vocação e nem sempre é uma decisão simples e única

Eu costumava sonhar em ser artista. Quando adolescente, eu ficava sentado em meu quarto por horas ouvindo álbuns do REM e pintando. Ficava tão feliz em sentar no meu quarto até tarde da noite sozinho que meus pais ficaram realmente preocupados comigo (é interessante observar como minha própria filha agora se comporta exatamente da mesma maneira).

Eu acabei frequentando algumas escolas de arte e estudei um pouco de arte na faculdade, mas no final das contas, minha vocação na vida acabou sendo muito diferente. Aquele adolescente artístico, quieto, sensível e introvertido se tornou um padre católico. Agora falo e escrevo para viver. Tudo o que faço está em exibição pública – como eu cumprimento alguém, como me visto, o meu jeito de olhar, seja real ou imaginário. Digamos que não era o que eu tinha em mente quando tinha 16 anos.

Às vezes penso em como minha vida teria sido se eu tivesse seguido uma carreira artística. Eu ficaria feliz? Ou eu teria ficado insatisfeito e cheio de arrependimento, chegando à conclusão de que cometi um erro?

Na época em que fiz minha escolha para entrar no seminário, todos os sinais apontavam para uma chance remota de ser uma boa opção. Eu ficava extremamente ansioso com a ideia de falar em público, era introvertido e extremamente sensível. O chamado estava lá, porém, esperando que eu o reconhecesse e fizesse o trabalho necessário para aproveitá-lo. Olhando para trás, embora eu ainda ame fazer arte, nunca teria sido feliz em uma carreira de artista. Acabei no lugar certo.

Não é uma decisão simples e única

Descobrir sua vocação na vida, parece-me, não é uma decisão simples e única. Uma vida é feita para ser vivida e nunca sabemos bem aonde ela nos levará até que paremos de nos preocupar e comecemos a viver.

No sacerdócio, muitas vezes falamos sobre viver uma vida intencional como uma “vocação”. Perguntamos aos rapazes se eles poderiam imaginar a vida como sacerdote (ou irmão ou monge) e às moças se seriam felizes na vida religiosa. Mas esse processo não é apenas para padres em potencial – cada pessoa tem uma vocação.

O casamento é uma vocação. A maternidade, porque está atolada em tarefas domésticas, pratos sujos e melhor compreendida em noites sem dormir com bebês chorando, pode parecer sem importância – mas cria, nutre e molda vidas. A paternidade pode significar ir para o trabalho dia após dia para sustentar a família e pode incluir treinar equipes esportivas de crianças que jogam a bola na direção errada. Tenho amigos aposentados cuja vocação é passear no parque, observar as coisas bonitas e rezar. Eu tinha uma paroquiana, Diane, cuja vocação era escrever essas cartas. Pode parecer insignificante, mas significou muito para mim.

Em cada etapa da vida, sua vocação é importante. Cada ação sua está impregnada de significado, cada uma delas é um passo no caminho de uma peregrinação heróica. Por nossas vocações parecerem desnecessárias e tediosas, ou por nos sentirmos despreparados para cumpri-las, não é incomum que duvidemos de que perdemos nossa vocação na vida.

O que acontece se você perder sua vocação? Isso pode mudar com o tempo?

As pessoas são criaturas complicadas, com todos os tipos de dons e talentos ocultos. E a vida é sinuosa. Frequentemente, o que parece uma direção errada na vida nos leva exatamente aonde precisamos estar. Esses caminhos inesperados extraem de nós esses dons e talentos, até para nossa própria surpresa.

Você pode pensar no passado e se perguntar como seria sua vida se tivesse feito uma escolha diferente no passado. Mas fazer isso com pesar é lamentar a pessoa que você se tornou e isso seria uma vergonha.

Mesmo nossos erros são oportunidades de crescimento, então se preocupar em perder uma vocação não é uma atividade frutífera. Somos quem somos e suspeito que, sejam quais forem as escolhas que tenhamos feito, Deus as abençoa e, desde que nos comprometamos a viver a melhor vida possível, há alegria nisso.

À medida que envelhecemos e passamos por diferentes estágios da vida, o que somos chamados pode mudar, então não se preocupe em se sentir inútil simplesmente porque as crianças cresceram e saíram de casa ou porque você agora está aposentado. Sua vocação agora é diferente, e seja o que for, tenho certeza que é incrível. Não subestime a si mesmo e o que você pode fazer para dar glória a Deus.

Consciência limpa

Ao buscarmos e tentarmos compreender melhor este mundo e nosso lugar nele, sempre ajuda manter a consciência limpa, ficar perto de Deus enquanto tomamos decisões e ter certeza de que estamos cumprindo nossos compromissos atuais. Sua vocação na vida pode mudar com o passar do tempo. Isso pode tirá-lo de sua zona de conforto. Pode até ser algo que está em sua mente há muito tempo e finalmente chega a hora de agir. Seja o que for, não tenha medo, porque enquanto você levar a questão a sério, você não cometerá um erro e nem será derrotado.


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