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O mal perde força quando é reconhecido, ensina sacerdote

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Danilov1991xxx | Shutterstock

Francisco Vêneto - publicado em 21/01/21

Há católicos que praticam o mal, mas isso não quer dizer que a Igreja seja má. É preciso distinguir para reconhecer o mal, enfraquecê-lo e vencê-lo.

O mal perde força quando é reconhecido, ensina o pe. Michael Kelly, SJ, diretor da UCA News (Union of Catholic Asian News), em artigo publicado no site La Croix sobre escândalos que atingem a Igreja e escandalizam fiéis.

No artigo “Crescendo com o escândalo“, o pe. Michael comenta que, quando ainda era um jovem religioso, os pecados das outras pessoas o levavam a condená-las ou a afastar-se delas. Com o tempo, ele passou a considerar que não devemos permitir que os pecados das outras pessoas nos afastem do nosso caminho.

Ele escreveu:

“O mal perde a sua força quando os seus efeitos são reconhecidos e abstraídos. Não estou sugerindo negação ou passividade. Mas responder na mesma moeda é sempre o movimento errado. Reconhecer e abstrair o mal é realmente a única maneira de matá-lo na fonte, mesmo que o preço de fazê-lo seja alto, como Jesus descobriu ao adotar essa abordagem para combater o mal”.

O sacerdote cita, de fato, o exemplo de Jesus, a quem os escribas e fariseus ridicularizavam quando Ele passava tempo com pecadores, cobradores de impostos e prostitutas. Mas Jesus fazia isso de propósito, para destacar que estava no meio dos homens justamente por causa daqueles que agiam mal. Afinal, Ele não veio salvar os justos, mas os pecadores.

O pe. Michael afirma que as faltas dos outros cristãos não desaparecem à força de intimidá-los com sermões morais:

“Isso não funciona e nunca dura. Precisamos abraçar o que celebramos no Natal e na Páscoa, juntos, como as duas faces da mesma moeda”.

Ou seja, é preciso ao mesmo tempo nos aproximarmos do pecador, como Jesus que vem ao mundo precisamente para redimir os pecadores, e testemunhar a ressurreição, a vitória da redenção sobre o pecado e a morte. É possível vencer o mal, mas, para isso, é preciso não virar as costas às pessoas que ainda não o venceram.

E por que somos tentados a simplesmente nos afastar das pessoas que praticam o mal, desprezando-as com arrogância?

“Fazemos isso para nos protegermos dos agentes do cinismo desmoralizante; para mantermos a presunção de que não somos afetados por qualquer compromisso com as forças das trevas; para mantermos uma visão de nós mesmos como estando sempre certos e do lado das forças que aumentam o crescimento e as oportunidades”.

O mal perde força quando é reconhecido

Na tentativa de nos afastarmos do mal, acabamos confundindo o mal com quem o pratica. Na verdade, quem pratica o mal nem sempre é alguém essencialmente mau; muitas vezes, é alguém que precisa de ajuda para vencer o mal. Vemos isso frequentemente na própria Igreja: há muitos católicos que acabam praticando o mal e gerando escândalo, mas isso não quer dizer que a Igreja como tal seja má, e sim que há membros da Igreja que se desviam do caminho do bem. Quando isto não é devidamente diferenciado, corre-se o risco de abandonar e desprezar a Igreja, concluindo erroneamente que ela própria não é boa.

O padre prossegue:

“Não é raro ouvir perguntas como as seguintes: ‘Por que você faria parte de algo que protege os abusadores de crianças? Por que você gostaria de estar numa organização que encobre traições de confiança e os delitos da sua liderança?’. Bem, é claro que não gostaria. No entanto, a minha resposta não é ir embora, mas sim enfrentar o desafio de descobrir a maturidade moral que esses incidentes propõem”.

Belém e Calvário

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