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O horóscopo e seus grandes desacertos

HOROSCOPE
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Vanderlei de Lima - publicado em 31/01/22
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Por que, no senso comum de algumas pessoas, as previsões do horóscopo parecem dar certo?

Por horóscopo (do grego hora – hora e skopéo – observar) entende-se o seguinte: se observarmos a posição de certos astros no momento em que a pessoa nasceu, é possível dizer algo sobre sua vida, comportamento etc. Ora, tal prática tem sido desmentida, com frequência, pelas ciências de observação, conforme veremos aqui.

Pergunta-se: por que, no senso comum de algumas pessoas, as previsões do horóscopo parecem dar certo? – Respondemos que tal “acerto” pode se dar não porque os cálculos dos astrólogos são seguros, mas porque se observarmos com lógica as previsões, notaremos serem todas elas muito vagas e genéricas. Mais: a memória humana, seletiva como é, tende a guardar o que lhe agrada e excluir o que a desagrada. Desse modo, cada leitor do horóscopo, via de regra, gosta de viagens, novidades, julga ter temperamento cordato e sociável, possuir alma poética e amorosa, ter inteligência acima da média etc. Julgará, portanto, em qualquer signo, que as previsões se encaixaram como luva para ele, mas a realidade o desmente.

Sim, em 1949, o psicólogo William Forrest, do Trinity College, de Dublin, fez a seguinte experiência: entregou a 39 estudantes da instituição em que trabalhava treze frases mais comuns nas previsões astrológicas (“você sente forte necessidade de amor e admiração”; “você tem problemas sexuais”; “você é uma pessoa de caráter, determinada, que não aceita opiniões de outros sem bem analisá-las etc.). Dos 39 alunos que leram as colocações só 5 falaram que elas não se aplicavam a eles (cf. Dom Estêvão Bettencourt, OSB. Curso sobre o Ocultismo. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 1990, p. 175). Ainda: em 1964, L. H. Couderc, psicólogo francês, publicou um anúncio oferecendo-se como astrólogo. Muitas pessoas lhe pediram o horóscopo. Ele enviou, então, via correio, o mesmo texto a todas. Depois de certo tempo, recebeu 200 cartas de clientes que o parabenizavam e afirmavam terem suas previsões se concretizado perfeitamente (idem).

Mais: em 1968, a revista francesa Science et Vie fez a seguinte experiência: sem revelar nomes, mandou a data, a hora e o lugar de nascimento de dez grandes criminosos a uma empresa que se oferecia para fazer análises e previsões com base na astrologia. Eis o retorno sobre o médico Marcel Petiot: “Bem ajustado socialmente, decente e de bom senso moral... Destaca-se por seu delicado e sensível amor à humanidade... Altruisticamente dedicado... O amor pelo seu lar e pela sua intimidade são prioritários para ele”. Excelente personalidade, segundo a previsão astrológica. No entanto, quem era, de fato, Marcel Petiot? – Era um serial killer que nem vivo estava mais. Havia sido executado, em maio de 1946, por ter assassinado 27 pessoas com requintes de crueldade. Suas vítimas lhe pagavam vultosas somas em dinheiro a fim de que ele as ajudasse a fugir da França – então ocupada pelos nazistas – para as Américas. O médico-monstro, contudo, guardava o dinheiro dessas pobres vítimas, mas não lhes providenciava a sonhada viagem. Ao contrário, trancava-as num quarto escuro de sua residência, matava-as e dissolvia seus corpos em cal viva (ibidem, p. 176). Em suma, as previsões astrológicas são totalmente infundadas (cf. Ames B. Kaler. Astrônomo explica por que seu signo provavelmente está errado. Galileu, 30/10/2020, online).

Daqui surge a questão: por que as pessoas – mesmo se dizendo cristãs – creem no horóscopo? – Porque, consciente ou inconscientemente (Deus julgue!), elas recusam a Providência Divina – que, em sua sabedoria infinita, tudo rege – para se entregarem ao destino cego. Imaginam-se, assim, livres de suas responsabilidades pessoais, pois seriam guiadas pela inexistente força oculta dos astros. Ora, só a aspiração pelo fictício desligado do sadio raciocínio crítico pode levar a isso. Afinal, o horóscopo é anticientífico, como demonstra a Física; ilógico, conforme assevera a Filosofia, e supersticioso, de acordo com a Fé Católica. A algumas pessoas de nosso tempo bem se poderia, infelizmente, aplicar o sábio provérbio latino que diz “Vulgus vult decipi – o povo quer ser enganado”. Triste realidade da sociedade pós-cristã (ou neopagã) do século XXI!

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