Episcopado recorda “morte violenta de mais de 62 milhões de nascituros” desde a legalização do aborto nos Estados Unidos, elogiada por BidenBiden defende aborto e bispos dos EUA denunciam: “perturbador e trágico”. As declarações do novo presidente norte-americano foram feitas neste último dia 22 de janeiro, aniversário da legalização dessa prática no país.
O comunicado presidencial afirmou:
“Nos últimos quatro anos, a saúde reprodutiva, incluindo o direito a escolher, esteve sob ataques extremos e impiedosos. Como o governo Biden-Harris começa num momento crítico, agora é a hora de nos dedicarmos novamente a garantir que todos os indivíduos tenham acesso aos cuidados de saúde de que precisam”.
Na linguagem adotada pelo ativismo pró-aborto, eufemismos como “saúde reprodutiva” e “cuidados de saúde” incluem rotineiramente o aborto como “questão de saúde pública” e como “direito”.
A declaração de Joe Biden e Kamala Harris vai ainda além dos eufemismos e acrescenta explicitamente:
“A administração Biden-Harris está comprometida em codificar a lei Roe versus Wade, assim como em nomear juízes que respeitem precedentes fundacionais como Roe”.
A lei mencionada é o célebre processo que, no início da década de 1970, culminou na legalização do aborto nos Estados Unidos.
Biden defende aborto e bispos dos EUA denunciam: “perturbador e trágico”
O arcebispo de Kansas City, dom Joseph Naumann, respondeu como diretor do Comitê de Atividades Pró-Vida da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB):
“Exortamos firmemente o presidente a rejeitar o aborto e a promover a ajuda em favor das mulheres e das comunidades necessitadas. É profundamente perturbador e trágico que um presidente elogie e se comprometa a codificar uma sentença da Suprema Corte que nega aos nascituros o seu direito civil mais básico, que é o direito à vida, sob o eufemismo de serviço de saúde”.
O episcopado norte-americano enfatizou que a legalização do aborto não representa nenhum “avanço nos direitos e na saúde das mulheres”. Além disso, dom Naumann desmascarou a incoerência de Joe Biden, que, mesmo apoiando escancaradamente o aborto, ainda se declara católico: o presidente democrata chegou a citar Santo Agostinho em seu discurso de posse, além de expor uma foto do Papa Francisco no Salão Oval da Casa Branca. O arcebispo afirmou:
“Aproveito esta oportunidade para recordar aos católicos o que o Catecismo estabelece: ‘Desde o século I, a Igreja afirmou a maldade moral de todo aborto provocado. Este ensinamento não mudou’. As autoridades públicas são responsáveis não apenas pelas suas crenças pessoais, mas pelos efeitos dos seus atos públicos”.
Dom Naumann acrescentou:
“A sentença Roe elevou o aborto à categoria de direito protegido. A eliminação das restrições estatais preparou o caminho para a morte violenta de mais de 62 milhões de nascituros inocentes. Inúmeras mulheres experimentaram a dor da perda, do abandono e da violência”.
Não custa lembrar, também, que o Papa Francisco reiterou numerosas vezes, com todas as letras, que o aborto faz parte da “cultura do descarte” e é semelhante a “contratar um matador de aluguel para resolver um problema”.
Vale recordar, ainda, a enfática e explícita declaração dos bispos dos Estados Unidos a respeito do aborto em sua mensagem a Joe Biden por ocasião da sua tomada de posse como presidente do país:
“O aborto é um ataque direto à vida que também fere a mulher e enfraquece a família. Não é apenas um assunto privado: ele gera situações problemáticas em aspectos fundamentais como a fraternidade, a solidariedade e a inclusão na comunidade humana. É também uma questão de justiça social. Não podemos ignorar a realidade de que os índices de aborto são muito mais altos entre os pobres e as minorias e que esse procedimento é usado sistematicamente para eliminar crianças que nasceriam com deficiências”.
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