Minha mãe é um problema

Como a conduta das mães influencia as filhas adolescentes?

Por Carla Rossi Flores

“My mom is obsessed” (“Minha mãe é obcecada”) é uma série da televisão norte-americana transmitida em vários países da América Latina que propõe casos de mães obcecadas pelo trabalho, cirurgias plásticas ou moda e mostra como estas atitudes influenciam as filhas adolescentes.

Ao início pensei que seria um daqueles programas que vendem uma realidade fictícia para incrementar a morbidez do público, mas após vários episódios me dei conta do fato que, mesmo que me desagradem, estas situações realmente acontecem.

Cada episódio conta a relação entre mães obcecadas por alguma coisa e suas filhas adolescentes: mães obcecadas pelo peso e pela dieta, por cirurgias plásticas, pelo excesso de trabalho, por festas e novos namorados, compras compulsivas etc. Qualquer que seja a obsessão, o denominador comum é que todas estas mães são divorciadas ou separadas, situação que, se não for superada, pode se transformar em terríveis obsessões.

As filhas destas mães problemáticas são meninas que vivem o abandono e a angústia, já que precisam assumir o papel de dona de casa e mãe dos seus irmãos sem ter maturidade nem experiência necessária. Por isso a maior parte decide ir embora de casa para viver com o pai, ou segue para morar sozinhas.

O aspecto ao mesmo tempo interessante e triste são as discussões entre mães e filhas, o desespero de uma mãe obcecada por alguma coisa para encher o próprio vazio e o desencanto e a desilusão de algumas filhas que amam profundamente as próprias mães e, por isso, buscam aceitá-las como são, mas sem sucesso.

“My mom is obsessed” mostra as vítimas da “pandemia” do divórcio, que está destruindo a sociedade, machucando as nossas crianças e traumatizando as mães.

O único aspecto positivo desta série é que existe sempre (pelo menos assim parece) um final feliz, visto que as mães, ainda que estejam vivendo graves problemas, continuam sempre mães e, no momento em que sentem que as filhas querem fugir, lutam para recuperá-las e mantê-las, indo para terapias e sessões com psicólogos para abandonar as próprias obsessões e recuperar a relação com as filhas.

É recomendável que mães e filhas vejam o programa juntas para conversarem. Seguramente as nossas adolescentes terão muito a dizer.

(Revista Vive)