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Santa Josefina Bakhita e o poder da diversidade

Sainte Josephine Bakhita

© Public Domain

Michael Rennier - publicado em 08/02/21

A Igreja Católica é verdadeiramente universal e essa é a nossa força

Recentemente, na revista Dappled Things, da qual eu faço parte do conselho editorial, tivemos um concurso de arte em homenagem a Santa Josephine Bakhita. O concurso foi concluído há pouco tempo e um vencedor foi escolhido – uma obra de arte realmente linda. Assim, especialmente em 8 de fevereiro, dia da festa de Josefina, penso sobre essa grande santa. Ela viveu uma vida como nenhuma outra.

Nascida no Sudão em 1869, Josephine foi sequestrada ainda jovem e vendida como escrava. Treze anos depois, ela foi libertada e migrou para a Itália, onde se converteu ao catolicismo e se tornou uma irmã religiosa. Ela viveu uma vida exemplar e foi canonizada santa no ano 2000.

De escrava a santa

Josefina Bakhita mostra a coragem de uma alma irreprimível. Sua trajetória, de escrava a santa, é impressionante. Teria sido fácil desistir, buscar vingança ou permitir que o ódio envenenasse sua vida, mas ela se recusou a permitir que as feridas do passado destruíssem seu futuro.

Josefina, simplesmente como mulher, como ser humano, como santa, é admirável. Ela é incomparável. Ela também é um exemplo da diversidade da comunhão dos santos. Morando, como eu, nos Estados Unidos, é muito fácil esquecer que o mundo inteiro não se parece com a minha igreja paroquial. A Igreja Católica é verdadeiramente universal e nossa diversidade é nossa força.

Os santos são, eles próprios, pessoas que estão totalmente vivas. Santos não são enfadonhos. Eles não se parecem, pensam ou falam da mesma forma – muito pelo contrário. Quanto mais santos eles se tornam, mais nítidas são as distinções entre eles. Ninguém jamais confundiria Santa Josefina com São Tomás de Aquino, ou São Filipe Neri com Santa Teresinha do Menino Jesus. Essas distinções entre eles não se tornam fontes de divisão, mas sim, são a razão pela qual os santos se amam. A diversidade que possuem é como uma harmonia que cria uma bela canção.

Riqueza da diversidade da Igreja

Desde que me tornei católico e percebi a grande multidão de diferentes santos e peregrinos que a Igreja contém, que vivem e oram em estilos de adoração de todas as partes do mundo, do passado e do presente, tenho buscado mais diversidade em minha vida porque quero que minha vida cotidiana imite o que vejo na Igreja.

Para tanto, há alguns anos, quando eu e minha esposa estávamos procurando uma casa para comprar, compramos intencionalmente em um bairro que apresentava um alto nível de diversidade e facilidade de transporte.

Queríamos um bairro onde as pessoas passeassem com seus cachorros à noite e passassem pela nossa casa enquanto nos sentávamos na varanda da frente e observávamos as crianças brincarem. Queríamos conhecer nossos vizinhos, ter encontros aleatórios com todos os tipos de pessoas diferentes e fazer novos amigos. Ficamos entusiasmados por ter vizinhos que trouxeram uma variedade de experiências de vida e origens culturais.

Finalmente encontramos a casa perfeita em um bairro urbano com muita diversidade. Viver aqui tem contribuído para o nosso conhecimento do mundo e ampliado nossa experiência e capacidade de empatia. Vamos ao parquinho e muitas das crianças de lá parecem diferentes, se vestem de forma diferente, brincam de maneira diferente, falam diferente de nós – e meus filhos brincam com eles e todos nós nos divertimos muito. Este é um presente que nosso bairro deu à nossa família.

Tenho que admitir, sempre há, junto com a alegria de tudo, também um elemento de resistência interna, julgamento moderado e choque. Isso é o que estou aprendendo, lentamente, todos os dias a me reconciliar comigo mesmo. Muitas vezes, minha resistência é simplesmente porque vejo as pessoas fazendo as coisas de forma diferente do que estou acostumado. Isso me surpreende e minha primeira reação tende a ser negativa. Estou descobrindo, no entanto, como aceitar isso, embora nem tudo seja automaticamente bom simplesmente porque é diferente.

Exemplo da santidade

Santa Josefina e sua santidade são um belo exemplo de como a nossa diversidade – as maneiras pelas quais todos nós somos um pouco diferentes e sabemos que ninguém é como eu ou você – é uma marca da força da comunidade. Contribuímos cada um à sua maneira, sem medo de ser exatamente quem somos e quem Deus deseja que sejamos e, ao fazer isso, descobrimos uma dignidade comum.

Mesmo dentro de nossa família, há diversidade que deve ser celebrada. Nenhum dos meus filhos é exatamente como eu, e isso pode causar ansiedade, mas no final das contas é maravilhoso. Todos os meus paroquianos têm opiniões diferentes, origens diferentes, preferências diferentes, e essa diversidade torna a nossa paróquia mais forte. Meu bairro está cheio de veteranos, recém-chegados, imigrantes, famílias, solteiros e classes sociais. Por isso é um lugar maravilhoso para viver e criar nossa família.

Suponho que a verdadeira lição que está se tornando dolorosamente clara é que nem todo mundo precisa ser igual a mim. Não temos que ser como todos os nossos vizinhos. Não precisamos ser como Santa Josefina ou qualquer outra santa. Precisamos apenas ser nós mesmos.




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