Os pais sabiam que ele não era um produto defeituoso, um amontoado de células deformadas. Ele era uma pessoa, uma vida a ser apreciadaO canal de notícias italiano Il Sussidiario relatou recentemente o triste – mas extraordinário e comovente – testemunho de um avô sobre seu neto, o bebê que viveu só meia hora após o nascimento. O menino morreu de uma malformação congênita. No início da gestação, os médicos disseram que a anomalia era incompatível com a vida fora do útero.
E essa comovente história nos provoca uma reflexão sobre o valor da vida. A vida é preciosa, mesmo quando é tão frágil a ponto de parecer ao mundo indigna de afirmação e “supérflua”.
O testemunho do avô
Uma ultrassonografia realizada no terceiro mês de gestação detectou que o feto estava sofrendo de uma doença congênita fatal em um estágio inicial. Os pais, familiares e amigos próximos tiveram que encarar o fato de que a gravidez só poderia terminar com a morte do bebê.
A família chamava bebê de Luigi. O avô conta que sentiu uma forte dor, que se intensificava com o passar da gravidez, ao pensar no sofrimento de seu filho (o pai da criança) e da mãe, bem como dos quatro irmãos de Luigi.
Ao mesmo tempo, ele começou a reconhecer que a gravidez estava levando a algo inesperado. Deus estava ouvindo suas orações e uma transformação estava acontecendo, embora não fosse a cura que muitos esperavam. Escreveu o avô:
“Nessas semanas, reconheci em meu filho e em sua esposa uma fé viva, que vale a pena observar: a certeza de que a vida de seu Luigi … tem sentido e um destino cumprido … Aprender com seus próprios filhos é uma coisa nobre; realmente fazê-lo é uma experiência particular de plenitude e humildade.”
A tragédia
Os profissionais de saúde que conheceram os pais de Luigi durante os exames de gravidez ficaram surpresos, pois os pais tratavam o seu filho não nascido como uma pessoa.
Se você adotar essa perspectiva, tudo muda incrivelmente para melhor. O que parecia uma “tragédia” irreparável se transformou em um dom, o dom da vida, por mais breve que ela seja.
Luigi não era um produto defeituoso, um amontoado de células deformadas, um inconveniente inesperado a ser descartado. Ele era uma criança, uma pessoa, uma vida a ser apreciada. Uma flor que desabrocha apenas por um dia e não é menos bela, nem menos valorizada do que uma planta que desabrocha o ano todo.
Gratidão
Portanto, os pais e familiares esperaram por este nascimento não apenas com compreensível tristeza, mas também com gratidão pelo advento de uma nova vida. Essa chegada seria uma coisa linda e preciosa para a qual toda a família de Luigi estava preparada. O avô escreveu no Il Sussidiario que Luigi era:
“Um novo bebê que estava com muita pressa de voltar de onde veio, quase como um visitante que tinha muita vontade de nos cumprimentar e de nos trazer as saudações Daquele que o enviou como um verdadeiro anjo, mesmo que apenas pela metade uma hora.”
A reação mais frequente das pessoas de fora da família era de espanto por eles decidirem levar a termo uma gravidez com um desfecho tão certo e triste. Era como se os pais tivessem que se justificar por não matar o filho no útero. As pessoas pareciam querer ouvir que ele cumpriria alguma expectativa ou teria um “futuro valioso”, como se sua breve existência dentro do útero e um tempo mais breve nos braços de seus pais não tivessem valor algum.
Chegada e partida
Os irmãos mais velhos de Luigi, Caterina, Stefano, Lucia e Francesco, estavam dormindo na casa dos avós quando ele nasceu, pouco antes da meia-noite. A videochamada de mamãe e papai os acordou para que eles pudessem conhecer o irmão mais novo. Ele respirava com dificuldade nos braços dos pais e estava prestes a morrer.
O avô e a equipe do hospital ficaram chocados com o que aconteceu a seguir: a mãe de Luigi, Maddy, convidou todos os irmãos de Luigi para cantarem juntos a oração ao anjo da guarda. Disse o avô:
“Foi um momento dramático para todos, mas também cheio de uma alegria estranha… Alguns minutos de êxtase… nos quais, além de chorar, compreendi que ninguém está isento deste amor que sempre pede mais pela sua própria natureza. Exige muito … mas lhe dá beleza e intensidade que você nunca seria capaz de criar sozinho, de inventar.”
A imagem destes irmãos, que acompanharam à distância o pequeno Luigi no seu caminho para o encontro com o Senhor, confiando-o ao seu anjo da guarda, enche o nosso coração de lágrimas. Mas são lágrimas de esperança, na certeza da ressurreição.
“Onde, ó morte, está a sua vitória?”