Relembre o fundamental sobre o primeiro dia da Quaresma: o que é, por que as cinzas e como é o ritoQuarta-Feira de Cinzas: a fim de nos prepararmos bem para a Quaresma deste ano, é importante recordarmos alguns pontos fundamentais sobre o seu primeiro dia. Por isso, aqui estão 3 fatos básicos sobre essa data de tanta importância no calendário litúrgico:
1. O quê?
A Quarta-Feira de Cinzas é o primeiro dia da Quaresma. Ela marca, portanto, o início do tempo litúrgico de 40 dias em que a Igreja convida os fiéis a se prepararem profundamente para viver os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo na Semana Santa.
A Quarta-Feira de Cinzas não é um dia de preceito, ou seja, a participação nesta Missa não é obrigatória. No entanto, é altamente recomendável, dada a grande relevância do seu significado litúrgico e espiritual.
Por outro lado, o que é de fato obrigatório na Quarta-Feira de Cinzas é o jejum, que se aplica às pessoas entre 18 e 60 anos de idade. Elas podem tomar apenas uma refeição principal (almoço ou jantar) e duas refeições menores que, juntas, não cheguem a equivaler a uma refeição principal completa.
Na Quarta-Feira de Cinzas, também é obrigatória a abstinência de carne para todos os fiéis a partir de 14 anos.
Importante: ficam dispensados, tanto do jejum quanto da abstinência, todos os doentes e também as gestantes. Além disso, os trabalhadores que precisam de árduo esforço braçal ou intelectual são dispensados do jejum, mas não da abstinência. Por fim, os pobres que recebem carne como esmola também ficam dispensados da abstinência.
2. Por quê?
Por que essa data tem esse nome? As cinzas são os restos do que foi queimado: elas simbolizam, de modo geral, que nós também seremos fisicamente consumidos. As Sagradas Escrituras, aliás, nos afirmam literalmente: “Tu és pó e ao pó retornarás” (Gn 3, 19).
Nos primeiros tempos da Igreja, os cristãos já colocavam cinzas sobre a cabeça para receber o Sacramento da Reconciliação na Quinta-Feira Santa. O sentido penitencial da Quaresma se consolidou no século V e, a partir do XI, a imposição das cinzas no início desse tempo litúrgico se tornou habitual.
O artigo 125 do Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia nos diz:
“O começo dos quarenta dias de penitência, no Rito Romano, caracteriza-se pelo austero símbolo das cinzas, que caracteriza a Liturgia da Quarta-feira de Cinzas. Próprio dos antigos ritos nos quais os pecadores convertidos se submetiam à penitência canônica, o gesto de cobrir-se com cinza tem o sentido de reconhecer a própria fragilidade e mortalidade, que precisa ser redimida pela misericórdia de Deus. Este não era um gesto puramente exterior: a Igreja o conservou como sinal da atitude do coração penitente que todo batizado é chamado a assumir no itinerário quaresmal. Devem ajudar os fiéis que vão receber as cinzas a aprenderem o significado interior deste gesto, que abre cada pessoa à conversão e ao esforço da renovação pascal”.
3. Como?
E como é, então, o rito da imposição das cinzas? Ele é realizado após a homilia da Santa Missa da Quarta-Feira de Cinzas, quando o ministro as coloca sobre a testa do fiel, em forma de cruz, pronunciando as palavras “Lembra-te de que és pó e ao pó retornarás” ou “Converte-te e crê no Evangelho”.
De onde vêm estas cinzas? Elas procedem dos ramos utilizados no Domingo de Ramos do ano anterior, queimados, abençoados com água benta e aromatizados com incenso.
O fiel pode retirar as cinzas da testa quando desejar: não existe nenhum tempo determinado para mantê-las. O importante, afinal, não é o sinal externo, mas sim a sincera postura interior de penitência e conversão.
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