A violência que atinge a vida dos haitianos está a tornar ainda mais dura e difícil a sobrevivência no dia-a-dia neste país que é considerado como um dos mais pobres em todo o mundo
A crise política que se vive no Haiti, com um conflito entre governo e oposição sobre a duração do mandato presidencial, não está a ajudar a debelar o ambiente de violência que se vive no país. A Conferência Episcopal do Haiti já se pronunciou sobre esta situação e num comunicado, enviado para a Fundação AIS, é referido que o Haiti “está à beira de uma explosão”. “O quotidiano do povo gira em torno da morte, assassinato, impunidade e incerteza”, dizem os bispos.
A violência que atinge a vida dos haitianos está a tornar ainda mais dura e difícil a sobrevivência no dia-a-dia neste país que é considerado como um dos mais pobres em todo o mundo. Os bispos expressam claramente a posição da Igreja Católica face a esta situação, dizendo que “a Igreja está sempre do lado da lei, da verdade, da justiça e do respeito pela vida e pela dignidade humana”.
Para os prelados, as questões de segurança são cada vez mais relevantes, destacando como exemplo os muitos raptos que tornam a vida quase insuportável, com a existência de grupos armados que espalham o terror entre as populações.
Sequestro
Nem a Igreja tem escapado a esta realidade. No início do ano, a Fundação AIS dava conta do sequestro, por “bandidos armados”, de uma religiosa, a Irmã Dachoune Sévère, da congregação das Pequenas Irmãs de Santa Teresa do Menino Jesus. A irmã acabaria por ser libertada 48 horas depois, na noite de domingo, 10 de Janeiro, na capital do país. Anteriormente, a 10 de Novembro, o Padre Sylvain Ronald, dos Missionários de Sheut, esteve também sequestrado durante três dias.
Segundo a agência Fides, que cita o missionário redentorista Padre Renold Antoine, haverá todos os dias “dezenas de casos” de sequestros na zona de Port au Prince, a capital haitiana. “Até ao momento, as autoridades estaduais nada fizeram para impedir esta onda que semeia medo e luto entre a população haitiana”, diz o sacerdote.
Esta tomada de posição agora dos Bispos do Haiti, no comunicado enviado para a Fundação AIS no início de Fevereiro, vem no seguimento da mensagem publicada no Natal em que os prelados descreviam um país à beira da ruptura com a “proliferação de sequestros, banditismo, violações, assassinatos e barbárie que semeiam terror, morte e luto”.