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Protocolos na saúde e na segurança pública salvam vidas

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Shutterstock | Alexandros Michailidi

Vitor Roberto Pugliesi Marques - publicado em 28/02/21

Não é de hoje que diversas instâncias se deparam com situações nas quais é necessária uma decisão rápida para evitar um mal maior

Em meio a protestos de opositores à decisão, um tribunal do júri americano não indiciou nenhum policial envolvido na morte do norte-americano Daniel Prude. Foi entendido por tal instância que os policiais seguiram estritamente os protocolos de segurança para os quais foram treinados. Para relembrar o caso, Daniel Prude, um negro americano, após uma abordagem policial, teve um capuz colocado sobre sua cabeça e, conforme laudo de legistas, submetido a sufocamento, o que culminou com sua morte. Esse episódio motivou manifestações de diferentes grupos sociais nos Estados Unidos contrários a tal decisão.

Não objetivando qualquer análise política sobre o caso, achamos oportuna a situação para escrever sobre protocolos de atendimento em emergências. Não é de hoje que diversas instâncias se deparam com situações nas quais é necessária uma decisão rápida para evitar um mal maior. Recorramos a um exemplo. Uma situação de incêndio: caso o indivíduo seja tomado pelo pânico e não aja de forma rápida e coordenada, pode sofrer sufocamento ou queimaduras graves de modo a vir a morrer. Diante de um acidente automobilístico com várias vítimas, caso não se preste um atendimento altamente direcionado e eficaz, os recursos em saúde podem ser infrutíferos para salvar vidas. Para que se dê uma resposta “medular”, ou seja, com prontidão, eficácia e de forma uníssona entre os envolvidos, surgem, em diversas corporações, os protocolos institucionais.

Baseado em evidências científicas, há treinamentos altamente recomendados para médicos que atuam em cenários de urgência pré-hospitalar e hospitalar. O Serviço de Atendimento Móvel em Urgência (SAMU) é um órgão de saúde brasileiro, vinculado ao Ministério da Saúde, com amplo alcance nacional, que se volta ao resgate de paciente em situações de emergência, seja nas ruas, em domicílios ou em quaisquer outros ambientes. Para tanto, serve-se de protocolos. Isso tanto na comunicação entre seus profissionais, quanto no atendimento das vítimas, sendo recomendado aos profissionais, por exemplo, o curso denominado Prehospital Trauma Life Support (PHTLS), com vista ao atendimento de excelência aos pacientes politraumatizados. Após o SAMU recepcionar os pacientes e transferi-lo para a unidade de saúde, novamente os médicos seguem protocolos de atendimento, tais como o Advanced Cardiovascular Life Support (ACLS), para paciente com urgências clínicas, sobretudo com acometimento cardiovascular, e o Advanced Trauma Life Support (ATLS) para pacientes politraumatizados. Os nomes em inglês, deixados propositalmente, são para enfatizar que se trata de algo internacionalmente normatizado e não apenas de aplicação no Brasil.

Importância

O cenário atual de pandemia da Covid-19 vem, mais uma vez, exemplifica a importância dos protocolos em saúde. Para que haja uma linearidade de cuidados, os diversos hospitais protocolaram as vias de acesso à saúde para pessoas acometidas por sintomas respiratórios. Houve treinamentos diversos, sobretudo visando a proteção biológica dos profissionais assistente e o atendimento otimizado para a queixa respiratória. Em caso de sinais de má oxigenação pulmonar, quando há indícios de que o indivíduo irá evoluir para uma possível parada respiratória, deve-se proceder o suporte ventilatório pulmonar de modo imediato, sendo, por vezes, necessário proceder a intubação orotraqueal e a ventilação assistida por aparelhos.

A interconexão de protocolos entre as diversas instituições é também algo fundamental. O Corpo de Bombeiros e os policiais precisam ter diretivas muito claras e objetivas em seus atendimentos para saberem como abordar adequadamente cada um dos seus assistidos e, em caso de necessidade de atendimento médico, saber efetivamente conversar com os profissionais de saúde e passar a estes informações necessárias para a continuidade dos cuidados. Em cidades onde a emergência em saúde, os bombeiros e os policiais trabalham alinhados e em harmonia, a população tem muito a ganhar. A abordagem antiga, baseada na “experiência pessoal” e no “achismo”, deu lugar à medicina protocolar e à medicina baseada em evidências, e percebe-se claramente os ganhos e saltos em qualidade dessa mudança.

É certo que nenhum protocolo é perfeito e que mesmo seguindo-se os protocolos rigorosamente, há a possibilidade de erros. Cada situação humana é única e tem suas peculiaridades, não sendo possível contemplar todos os cenários por meio dos protocolos. Entretanto, em situações emergenciais, as evidências demonstram que, a despeito dos percalços possíveis, são a melhor forma de organizar uma instituição ou uma corporação. Visto isso, que todos sejamos sensíveis em entender que, se algo é protocolar, apesar de poder ter falhas, é a melhor forma de se prestar um bom serviço. Portanto, antes de julgar um caso, devemos procurar, na medida do possível, conhecer seus reais pressupostos.

Agradeçamos a Deus que deu ao ser humano a inteligência para criar protocolos, sobretudo nas áreas da Saúde e da Segurança Pública.


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