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Jesus teve medo da morte – e isto deve nos encorajar

Jesus é confortado pelo anjo

Carl Bloch | Public Domain

Francisco Vêneto - publicado em 08/03/21

Após a morte, e graças à morte do Filho de Deus, seremos por Ele ressuscitados, graças à Ressurreição do Filho de Deus

Jesus teve medo da morte e literalmente sentiu na pele a angústia excruciante que atormenta o homem perante o momento mais misterioso da nossa passagem por este mundo finito.

Durante a Sua oração no Horto do Getsêmani, ao sopé do Monte das Oliveiras, Ele experimentou uma tristeza tão pesada e profunda que os Seus apóstolos a notavam no próprio semblante do Senhor. Ele parecia sentir “medo e angústia”, conforme os Evangelhos registraram.

Depois de já ter instituído a Sagrada Eucaristia na Última Ceia, o Mestre caminhou com Seus discípulos até o vale do riacho do Cedron. Jesus deixou oito dos apóstolos à entrada do jardim e chamou os outros três para acompanhá-lo: Pedro, Tiago e João. A essa altura, já não estava com eles o traidor.

Um horror profundo tomou conta do Filho de Deus feito homem, a ponto de fazê-lo exclamar:

“A minh’alma está triste de morte”.

Ele sabia que estavam chegando as horas cruciais da Redenção. Era a hora de entregar a vida em sacrifício por todos nós, na cruz. Da perspectiva humana, todo o horror de ser preso, torturado, espancado, condenado à morte, crucificado e morto explodia em Seu Sagrado Coração. Jesus rezava e pedia forças ao Pai, consciente das dores brutais que O aguardavam e dos suplícios que aguardavam os Seus discípulos – que sequer conseguiam ficar acordados para acompanhá-Lo em oração.

Jesus teve medo da morte

O grande medo humano da morte o toma a tal ponto que Ele implora ao Pai:

“Pai: tu podes tudo! Afasta de mim este cálice!”

Era toda a humanidade do Deus feito carne que ali se manifestava, deixando-nos claro que, mesmo sendo Deus verdadeiro, Ele morreria como homem verdadeiro, experimentando toda a dor e toda a angústia que a morte pode provocar no homem. Ele Se fez solidário para conosco na experiência dessa dor, sendo em tudo igual a nós, exceto no pecado.

Isto deve nos encorajar

E é essa mesma fraqueza de Jesus, porém, que nos traz coragem perante o sofrimento e a morte. Ele nos lembra: sim, o homem se fez mortal em decorrência do pecado, mas a mortalidade se restringe à nossa passagem por este mundo finito. Após a morte, e graças à morte do Filho de Deus, seremos por Ele ressuscitados, graças à Ressurreição do Filho de Deus.

Ainda que os tormentos terríveis de Cristo tenham decorrido muito menos do Seu sofrimento físico do que dos nossos pecados, a Sua experiência desses tormentos e a Sua vitória definitiva sobre eles é um incentivo para que os encaremos conforme o Seu exemplo: sentindo, sim, as angústias e o medo natural da dor e da morte, mas tendo também a certeza de que é somente um momento, intenso, mas breve, diante da infinitude da Vida Plena que nos aguarda após esta separação dilacerante do mundo finito.

Jesus chegou a suar sangue naquela de tristeza mortal:

“E um suor Lhe veio e caiu no chão como se fossem grossas gotas de sangue” (Lc 22,44).

Medo, mas também consolações espirituais

Ao mesmo tempo, no entanto, Ele também experimentou consolações espirituais que nós também podemos esperar para quando tivermos de enfrentar essa passagem decisiva: o Evangelho nos diz que Nosso Senhor foi consolado por um anjo enquanto orava em agonia no jardim do Getsêmani.

Segundo S. Tomás de Aquino, pode-se dizer que o anjo proporcionou reconforto moral à alma de Nosso Senhor, tão sensível às manifestações de afeição quanto aos abandonos, traições e ultrajes. O papel do anjo foi o de reanimar a Sua coragem humana. Mensageiro celeste, aquele anjo teria evocado as virtudes magníficas que germinariam do Sangue Divino e os frutos abundantes que brotariam do Seu sacrifício.

O sofrimento humano de Jesus perante a iminência da morte é tão cheio de luz e inspiração para todos nós que o primeiro mistério doloroso do rosário é justamente “A Oração de Nosso Senhor Jesus Cristo no Horto das Oliveiras” (cf. São Marcos 14, 32-42). Que, rezando o terço conscientes de que a dor redentora dará lugar à luz eterna da Ressurreição, Nossa Senhora, Mãe Dolorosa, nos encoraje.


TURIN

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