Um restaurador e historiador da arte decidiu dar uma olhada na pintura escurecida e descuidada. E sua descoberta foi surpreendente Nunca ninguém imaginou que um quadro sujo e esquecido na igreja de são Miguel e Todos os Anjos, na pequena cidade inglesa de Ledbury, poderia ser obra de um dos maiores pintores do Renascimento. Estamos falando do artista italiano Ticiano.
De fato, esta grande surpresa foi descoberta pelo restaurador e historiador de arte Ronald Morre. Ele encontrou a pintura quase que por acaso, quando decidiu dar uma olhada no quadro sujo e descuidado que há mais de um século “decorava” a igreja medieval.
Na verdade, o quadro, que representa a “Última Ceia”, não agradava os fiéis. Eles até tinham pensado em tirá-lo da parede para colocar algo mais “bonito”.
Como bom entendedor, Moore viu alguns detalhes da obra que mereciam ser, ao menos, examinados, a fim de se checar o seu valor.
“Quando, em uma pintura, alguém aparece te olhando, normalmente é o próprio pintor representando-se”, explicou o restaurador, que reconheceu em um dos personagens (o apóstolo de única amarela) muita similaridade com Ticiano ou Tintoretto.
Depois de eliminar séculos de poeira e sujidade, surgiu a surpresa: a assinatura de Ticiano em uma das ânforas.

Três anos de estudos
Os exames de raios ultravioleta na pintura, além da assinatura de Ticiano, relevaram inúmeras correções. Isso sinaliza a intervenção do pintor em relação ao trabalho de seus alunos.
Geralmente, os pintores da época, por causa do grande número de encomendas, confiavam alguns trabalhos aos colaboradores. Depois, intervinham nos detalhes.
Já se passaram três anos desde a grande descoberta de Moore. Já são mais de 11 mil horas de trabalho. O resultado desse esforço será detalhado em um livro de autoria do próprio restaurador. A obra será ganhará o mercado no fim de março de 2021.