Aleteia logoAleteia logoAleteia
Sexta-feira 29 Março |
Aleteia logo
Religião
separateurCreated with Sketch.

O demônio existe: as provas da Escritura

ROSARY

Shutterstock-Nixx Photography

Vanderlei de Lima - publicado em 14/03/21

Um alerta a todos os aventureiros que negam a real existência do demônio ou reduzem-na a mera fantasia

Há, nos nossos dias, quem negue a existência do demônio. Frente a essas negações gratuitas, elaboramos este artigo para reafirmar – com a Igreja – que o demônio realmente existe. Ele é um anjo que Deus criou bom, mas se perverteu pelo pecado (cf. Carta de S. Leão, Papa, ao Bispo de Astorga, ano 447, in Justo Collantes, SJ. La fé de la Iglesia católica: las ideas e los hombres en los documentos doctrinales del Magisterio. 3ª ed. Madri: BAC, 1983, p. 147-148, n. 199). Detalhemos.

O termo daimon (ou daimonium), que é grego e serve para designar “todos os anjos maus” (Dom Estêvão Bettencourt, OSB. Curso de Antropologia Teológica. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2019, p. 439), não aparece no Antigo Testamento, uma vez que este foi – exceto os sete livros deuterocanônicos (Tobias, Judite, Baruque, Eclesiástico, 1º e 2º Macabeus e Sabedoria), além de trechos de Daniel (3,24-90; 13,1-14,42) e Ester (10,4-16,24) – escrito em hebraico, a língua dos judeus. Todavia, há termos semelhantes para designar o anjo mau. Assim, Satã = Adversário (cf. Jó 1,7; 2,2; 1Rs 22,19-23; 1Cr 21,1); Belial ou beliyya’al = sem utilidade ou provocador de inimizade (cf. 2Sm 23,6; Jó 34,18; cf. ainda São Paulo 2Cor 6,15); Asmodeu = Exterminador (cf. Tb 3,8; 6,14); Baalzebub = Senhor das moscas (2Rs 1,2.16; cf. também Mc 3,20). É também chamado de Baalzebel = Senhor do Esterco; Serpente Tentadora (cf. Gn 3,1-6) = Diabo (cf. Sb 2,24); Azazel = demônio do deserto (cf. Lv 16,8-10.26) e Lúcifer, termo latino traduzido de Is 14,12 (cf. nota d da Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002).

O Novo Testamento demonstra a prática de exorcismos (expulsões de espíritos maus) por parte dos judeus (cf. At 19,13; Mt 12,27-28; ver ainda o historiador judeu Flávio Josefo (37-95 d.C.), no seu livro Antiguidades Judaicas 8,45-46). Mais: Cristo, Nosso Senhor, também praticava exorcismos (cf. Mt 9,32-34; 12,22-24; 15,21-28; Mc 1,23-28; Lc 8,28s; 13,10.17). Estes eram sinais visíveis de que o Senhor Jesus destruía o real – não imaginário – império de Satanás e inaugurava o Reino de Deus na terra (cf. Mt 12,28; Jo 12,31; Lc 10,17-20). 

Aqui, surgem duas questões: 1) Os então chamados possessos não seriam meros doentes? – Não. Os próprios Evangelhos distinguem doenças em geral e possessões, conforme Mc 1,34; Mt 8,16-17; Lc 6,18 e, em particular, Lc 4,40-41 que diz:“Depois do pôr do sol, todos os que tinham enfermos de diversas moléstias lhos traziam. Impondo-lhes a mão, os curava. De muitos saíam os demônios, aos gritos, dizendo: ‘Tu és o Filho de Deus’. Mas ele repreendia-os severamente, não lhes permitindo falar, porque sabiam que ele era o Cristo” (itálicos nossos). Ademais, Nosso Senhor, que veio para dar pleno testemunho da verdade (cf. Jo 18,37), jamais se prestaria a enganar o povo ou a confirmá-lo no erro. Ao contrário, sempre corrigia as falsas doutrinas de seu tempo (cf. Jo 9,1-2; Mt 19,1-12, por exemplo). 2) Por que São João, no quarto Evangelho, nada fala sobre exorcismos? – Porque, escrevendo já por volta do ano 100, entendia que Nosso Senhor fora mal compreendido entre os judeus que julgavam ser ele mesmo um possesso (cf. Jo 7,20; 8,48.52; 10,20) ou alguém que assustava o povo com seus exorcismos muito superiores aos dos exorcistas judeus (cf. Mc 5,15; 3,22; Mt 10,25). Ainda: os próprios apóstolos Pedro e Paulo foram, sem mais, tidos como magos (cf. At 8,18-20; 19,13-20). Eis ponderações plausíveis para entender a razão pela qual “São João omitiu os feitos de Jesus como exorcista” (Pergunte e Responderemos n. 554, agosto de 2008, p. 338).

Por fim, como alerta a todos os aventureiros que negam a real existência do demônio ou reduzem-na a mera fantasia, citemos as fortes palavras do Papa São Paulo VI, na Audiência Geral de 15/11/1972: “Deixa o quadro do ensinamento bíblico e eclesial quem se recusa a reconhecer a existência do demônio […] ou ainda quem explica o demônio como sendo uma pseudo-realidade, uma personificação conceitual e fantástica das causas desconhecidas de nossas desgraças” (A existência de Satanás e dos demônios inRevista de Cultura Bíblica. vol. V, n. 17-18. São Paulo: Loyola, 1981, p. 5-9).

Eis, pois, a doutrina da Sagrada Escritura sobre a real existência do demônio.


BLESSED,VIRGIN,MARY,SNAKE,SERPENT

Leia também:
O demônio existe sim, lembram constantemente os papas

Tags:
DemônioDoutrinaMal
Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia