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Fanáticos islâmicos estão decapitando crianças em Moçambique, denuncia ONG

Deslocados pelo terrorismo jihadista em Moçambique
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Francisco Vêneto - publicado em 23/03/21
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Mãe relata: “Tentamos fugir para a floresta, mas eles pegaram o meu filho mais velho e cortaram a cabeça dele”Fanáticos islâmicos estão decapitando crianças em Moçambique, denunciou na semana passada a ONG Save the Children em referência à aberrante situação que se arrasta na província de Cabo Delgado, região norte do país, há mais de 3 anos.

Em 2017, militantes que se autoproclamam membros do famigerado bando jihadista Estado Islâmico invadiram a província e implantaram nela mais um regime de horror semelhante ao que haviam imposto ao Iraque, à Síria e à Líbia na década passada.

A Save the Children informou que manteve contato com várias famílias obrigadas a deixar as suas terras em fuga desesperada, e que os relatos sobre os horrores ali vividos são estarrecedores.

Segundo a ONG, uma mulher cuja identidade foi preservada contou ter sido forçada a testemunhar a decapitação do próprio filho de 12 anos, enquanto ela tentava se esconder com seus outros filhos:

“Nosso vilarejo foi atacado e as casas foram queimadas naquela noite. Eu estava em casa com meus quatro filhos. Tentamos fugir para a floresta, mas eles pegaram o meu filho mais velho e cortaram a cabeça dele. Nós não podíamos fazer nada, porque eles iam matar a gente também”.

Fanáticos islâmicos estão decapitando crianças em Moçambique

Crianças ainda menores já foram covardemente mortas pelos mesmos fanáticos. Outra mãe relatou um pesadelo quase idêntico ao da primeira mulher mencionada pela denúncia da Save the Children:

“Depois que o meu filho de 11 anos foi morto, nós vimos que não era mais seguro ficar no vilarejo. Fugimos para a casa do meu pai em outro vilarejo, mas, uns dias depois, eles começaram a atacar também lá”.

O diretor da Save the Children em Moçambique, Chance Briggs, afirmou que a equipe da organização “foi às lágrimas ao ouvir as histórias de sofrimento contadas pelas mães nos campos de deslocados”.

O terror de Cabo Delgado é denunciado por um bispo brasileiro

Dom Luiz Fernando Lisboa

Leandro Martins, Aid to the Church in Need

Dom Luiz Fernando Lisboa

Desde a invasão dos jihadistas em 2017, pelo menos 2,5 mil pessoas já foram assassinadas em Cabo Delgado e mais de 700 mil tiveram de fugir de casa na tentativa de escapar da morte.

Uma das primeiras e principais vozes que se alçaram mundialmente para denunciar o surreal terror vivido no norte de Moçambique foi dom Luiz Fernando Lisboa, então bispo de Pemba. O religioso, que é carioca e foi transferido neste ano de volta ao Brasil, relatou durante uma recente audiência no Parlamento Europeu a gravíssima situação de emergência vivida em Moçambique. Na ocasião, dom Luiz Fernando a descreveu como uma tragédia humanitária.

Extrema pobreza e extrema covardia

Em novembro passado, os terroristas decapitaram num único ataque mais de 50 pessoas e esquartejaram seus corpos num campo de futebol transformado em local de execuções. Entre as vítimas havia pelo menos 15 crianças e jovens.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas a grande maioria da população vive em extrema pobreza. Trata-se, de fato, da província mais pobre do país, que, por sua vez, é um dos dez países mais pobres do planeta. Os jihadistas exploram essa pobreza para recrutar novos adeptos, visando o controle da região.


Bispo Dom Luiz Fernando Lisboa
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