Religiosos relatam a situação de terror que o país africano vem enfrentando com aumento nos casos de Covid-19 e Cólera, e constantes ataques terroristasNovas histórias de terror vindas de Moçambique chegam à Fundação Pontifícia ACN, quase semanalmente, mas com pouca atenção da comunidade internacional. De fato, o país do sudeste da África está sofrendo uma catástrofe humanitária atrás de outra. Desde 2017, Moçambique tem sido alvo de inúmeros ataques de jihadistas. Os objetivos perseguidos pelos grupos terroristas não são conhecidos, mas observadores sugerem uma mistura de interesses econômicos, políticos e religiosos.
Há relatos de decapitações em massa e violência inimaginável contra a população civil. O governo dos EUA classificou o grupo como um desdobramento do “Estado Islâmico” (EI) e como uma organização terrorista global e impôs sanções. Dada a obscuridade dos protagonistas e seus apoiadores, no entanto, estas sanções não devem surtir efeito.
Enquanto o terrorismo jihadista continua a corroer a região ao longo da fronteira com a Tanzânia, aumentando ainda mais a miséria dos refugiados, o país também está sendo agredido pela pandemia da COVID-19. “Embora a primeira onda tenha sido relativamente leve, o número de pessoas infectadas disparou desde janeiro. É alarmante como o número de mortes aumentou”, disse o responsável por projetos da ACN para a região, Ulrich Kny. Além disso, a cólera também está se espalhando devido às condições precárias de higiene nos campos de refugiados, que não têm acesso à água limpa.
Mais de 600 mil refugiados
Centenas de milhares de refugiados das partes norte do país encontraram refúgio na capital da província de Cabo Delgado e suas comunidades vizinhas. Segundo a ONU, até o final de 2020 havia quase 670.000 pessoas deslocadas.
Ataques foram realizados em nove dos 17 distritos da província de Cabo Delgado. A violência é direcionada a toda a comunidade, não apenas aos cristãos, relatou a Irmã Aparecida Ramos Queiroz, responsável pela coordenação de projetos de auxílio na diocese de Pemba.
“Tanto instituições muçulmanas quanto cristãs estão sendo atacadas. Nós, cristãos, não somos o alvo principal dos insurgentes. Várias igrejas foram completamente destruídas; seis das 23 paróquias da diocese de Pemba estão desertas – a situação é tão instável que a maioria dos membros da paróquia fugiu. Apesar disso, uma irmã religiosa e um jovem vigário paroquial ainda estão trabalhando em uma das aldeias abandonadas da paróquia para servir aquelas pessoas que são muito pobres até mesmo para fugir”, disse a Irmã.
Cuidados religiosos com os refugiados
O governo começou a reassentar os refugiados de Pemba para outras partes do país. “Muitos encontram abrigo com outras famílias, outras em novos assentamentos de refugiados. A maioria dos padres e irmãs das áreas de conflito fugiram com membros de suas paróquias. Eles agora tentam continuar seu trabalho pastoral entre os refugiados de suas paróquias”, diz Ulrich.
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(Com AIS)