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O demônio existe: as provas do Magistério

Jesus rejeita tentação do diabo no deserto

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Vanderlei de Lima - publicado em 28/03/21

O diabo, por livre opção, se tornou mal ao pecar; todavia, seus poderes são limitados

Ante negações gratuitas da existência do demônio, elaboramos este artigo para reafirmar – à luz do Magistério da Igreja – que o demônio realmente existe. Ele é um anjo que Deus criou bom, mas se perverteu pelo pecado (cf. Carta de S. Leão, Papa, ao Bispo de Astorga, ano 447, in Justo Collantes, SJ. La fé de la Iglesia católica: las ideas e los hombres en los documentos doctrinales del Magisterio. 3ª ed. Madri: BAC, 1983, p. 147-148, n. 199).

A primeira questão levantada contra a existência do Maligno, como se nota, é a seguinte: “o Magistério da Igreja nunca a definiu solenemente por meio de um Concílio Ecumênico ou por um pronunciamento ex cathedra (infalível) do Santo Padre, o Papa”. Tal objeção pode ser respondida com facilidade em duas partes: 1) “A Igreja nunca sentiu a necessidade de definir a existência do demônio como tal. A razão disso é que as definições do Magistério supõem sempre a negação de alguma verdade revelada por Deus. Ora, nunca na Antiguidade e na Idade Média foi negada a existência do demônio. […] Por isto as intervenções do Magistério versaram somente sobre aspectos da ação do Maligno no mundo, dando sempre por certa a existência do mesmo” (Dom Estêvão Bettencourt, OSB. Curso sobre o Ocultismo. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 1990, p. 97). 2) A Igreja ensina que todo fiel deve acolher com religiosa submissão da vontade e do entendimento o magistério autêntico – ou seja, no campo da fé e da moral – do Sumo Pontífice, “mesmo quando não fala ex cathedra” (Lumen Gentium, 25). Sim, pois quem recusa essa modalidade de magistério não infalível, mas autêntico, “peca gravemente contra a sujeição e obediência devidas à autoridade da Igreja” (Antônio Royo Marín. A fé da Igreja. 2ª ed. Campinas: Ecclesiae, 2018, p. 116). Para o verdadeiro fiel católico só estes dados bastam para sanar a dúvida levantada. Como quer que seja, dando um passo à frente, apresentemos trechos extraídos do Magistério ordinário sobre o tema em foco.

Professamos no Credo niceno-constantinopolitano: “Creio em um só Deus, Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis”. Pois bem: os seres invisíveis são os anjos bons e maus. Acrescenta o Concílio do Latrão IV (1215), ante doutrinas falsas que ensinavam existir dois princípios coeternos, o Bem e o Mal, que “o diabo e os demais demônios foram certamente por Deus criados bons em sua natureza, mas por si mesmos se tornaram maus” (La fé de la Iglesia católica, p. 151-152, n. 208). Em suma, o demônio não é eterno, mas criatura de Deus. Ora, tudo o que Deus fez é bom em sua essência – também o diabo –, mas ele, por livre opção, se tornou mal ao pecar. Todavia, seus poderes são limitados (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 395), pois só age com a permissão de Deus (cf. Jó 1,6-12; Lc 22,31; Mt 8,30-32). O Pai celeste permite ao Maligno agir contra os seres humanos para lhes fortalecer a virtude, uma vez que nos dá a graça de resistir às investidas diabólicas (cf. 1Cor 10,13). Afinal, tudo coopera para o bem dos que amam a Deus (cf. Rm 8,28).

No século XX, o Concílio do Vaticano II (1962-1965) afirmou que o “Filho de Deus, por sua morte e ressurreição, nos livrou do poder de Satanás” (Sacrosanctum Concilium 6); “o Pai enviou seu Filho a fim de por Ele arrancar os homens do poder das trevas e de Satanás” (Ad Gentes 3); “Cristo derrotou o império do diabo” (Ad Gentes 9). Aludindo a Efésios 6,11-13, o Concílio fala das “ciladas do demônio” (Lumen Gentium 48). Os Papas recentes também têm feito pronunciamentos sobre a existência real e a ação do demônio no mundo. Além de São Paulo VI, na Audiência Geral de 15/11/1972, se pronunciaram São João Paulo II, em sua visita à Puglia, em 1987, Bento XVI, durante sua viagem ao Líbano, em 2012, e o Papa Francisco, no Encontro com as Crianças da paróquia de São Crispim, em 2019 (cf. O Magistério dos Papas sobre a realidade do demônio, 20/03/19, online, vaticannews.va). 

Queira, prezado(a) irmão(ã), pensar e sentir com a Igreja – também no campo da Demonologia (Estudo sobre o Demônio) –, pois, assistida pelo Divino Santo, ela nos traz apenas a verdade libertadora (cf. Jo 8,32); a mentira provém do Maligno (cf. Jo 8,44).


GABRIELE AMORTH

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