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Filme no Netflix resgata história da primeira mulher do blues

CINEMA VIOLA DAVIS

DFree / Shutterstock.com

Octavio Messias - publicado em 30/03/21

"A Voz Suprema do Blues" aborda o racismo nos EUA a partir de sessão de gravação da cantora Ma Rainey

O filme A Voz Suprema do Blues (2020), disponível no Netflix, mostra um dia na vida da icônica cantora negra Ma Rainey (1886–1939), uma das primeiras artistas de blues e a primeira cantora dedicada ao gênero a gravar em um estúdio. Talvez por isso a locação principal, onde se passa a maioria das cenas do longa, seja justamente uma sala de gravação em Chicago, no ano de 1927. Concentrar a maior parte das cenas em um estúdio foi a solução encontrada pelo dramaturgo August Wilson (1982), autor da peça Ma Rainey’s Black Bottom (1982), na qual se baseia o filme, produzido por Denzel Washington e dirigido por George C. Wolfe. 

Discriminação

Quem for assistir a A Voz Suprema do Blues esperando por uma hora e meia de performances musicais da artista, no entanto, irá se decepcionar. No final da década de 1920, já aclamada pelo público, Ma Raye (interpretada por Viola Davis, em atuação brilhante) foi contratada para gravar duas músicas com o requisitado produtor Mel Sturdyvant, dos estúdios da Paramount, na presença do seu agente, Irvin, acompanhada de sua banda.

O que tinha tudo para ser uma tarde tranquila de trabalho se tornou em uma série de desentendimentos entre Ma, o produtor, o agente e sua banda que denotam discriminação racial, aos quais a cantora se opôs pujantemente. A começar por um confronto com a polícia logo no início do filme até o relato de quando o trompetista Levee Green viu sua mãe ser espancada e estuprada, são muitas as formas de racismo velado denunciadas em A Voz Suprema do Blues

Premiação póstuma

Levee Green é interpretado pelo ator Chadwick Boseman, mais conhecido como o Pantera Negra de Os Vingadores, que sofreu uma triste morte por câncer em agosto último, aos 43 anos. Depois de Destacamento Blood (2020), de Spike Lee, A Voz Suprema do Blues é o segundo filme com o falecido astro a estrear diretamente no Netflix. A atuação lhe mereceu o prêmio póstumo de melhor ator no Globo de Ouro deste ano, entre diversos outros que venceu ou foi indicado, incluindo o Oscar – que acontece em 25 de abril –, em que disputa na mesma categoria. 

Mãe do blues

Primeira cantora do gênero a gravar em um estúdio, Ma Rainey é considerada a mãe do blues. A ela também é atribuída a fusão do vaudeville, gênero festivo derivado do teatro francês do século 19, e o blues de raiz sulista americana, o que influenciou de Alberta Hunter a Nina Simone.

Historiadores divergem sobre onde ela nasceu, só se sabe que cresceu no interior da Geórgia, no Sul dos Estados Unidos, antes de conquistar o país com suas mais de 100 canções gravadas, com músicos do quilate de Louis Armstrong. À época em que se passa o filme, ela era acompanhada pela Georgia Jazz Band. Para refazer os arranjos de Mae e gravar a trilha-sonora do longa, foi recrutada a lenda do jazz Branford Marsalis. 


MARTIN SCORSESE

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Tags:
ArteCinema
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