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Contra a dignidade do trabalho honesto?

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Chansom Pantip / Shutterstock.com

Vanderlei de Lima - publicado em 31/03/21

Sem o trabalho digno garantido não há como falar nas demais questões sociais

Decretos de governadores e prefeitos têm impedido que trabalhadores ganhem o pão de cada dia para o sustento próprio e de seus dependentes diretos e indiretos. Ora, tais medidas ditatoriais ferem a dignidade humana em sua essência. 

Dentre as mais de 100 (cem) citações sobre o trabalho registradas no Compêndio da Doutrina Social da Igreja (7ª ed. São Paulo: Paulinas, 2011), propomos, aqui, algumas para reflexão de cada irmão e irmã que vê a dignidade natural e sobrenatural do trabalho honesto ser jogada no lixo por governantes egoístas. Todos eles, sem dúvida, serão, um dia, julgados pela história, pelos eleitores e pelo próprio Deus que, feito homem por amor de nós, lhes repetirá o seu terrível “Ai de vós” (cf. Mt 23,23-39).

Passando aos textos em si, a Igreja ensina que o trabalho digno não é maldição decorrente do pecado, mas bênção divina a cada trabalhador que colabora com Deus pelo bem da humanidade (cf. Compêndio n. 263). “O trabalho pertence à condição originária do homem e precede a sua queda; não é, portanto, nem punição nem maldição. Este se torna fadiga e pena por causa do pecado de Adão e Eva, que quebrantam o seu relacionamento confiante e harmonioso com Deus (cf. Gn 3, 6-8)” (Compêndio n. 255). Embora ninguém deva ser ou ficar escravo do trabalho, ele é essencial à vida humana (cf. Compêndio n. 257-258). Mais: “Na Sua pregação, Jesus ensina a apreciar o trabalho. Ele mesmo, se tornou semelhante a nós em tudo, passando a maior parte dos anos da vida sobre a terra junto de um banco de carpinteiro, dedicando-se ao trabalho manual, na oficina de José (cf. Mt 13,55; Mc 6,3), a quem estava submisso (cf. Lc 2,51). Jesus condena o comportamento do servo indolente, que esconde debaixo da terra o talento (cf. Mt 25,14-30) e louva o servo fiel e prudente que o patrão encontra aplicado em cumprir a tarefa que lhe fora confiada (cf. Mt 24,46). Ele descreve a Sua própria missão como um trabalhar: ‘Meu Pai continua agindo até agora, e eu ajo também’ (Jo 5,17); e os seus discípulos como operários na messe do Senhor, que é a humanidade a evangelizar (cf. Mt 9,37-38). Para estes operários vale o princípio geral segundo o qual ‘o operário é digno do seu salário’ (Lc 10,7); eles estão autorizados a permanecer nas casas em que forem acolhidos, a comer e a beber do que lhes for servido (cf. ibidem)” (Compêndio n. 259).

Sem o trabalho digno garantido não há como falar nas demais questões sociais. Sim, “o trabalho, com efeito, chave essencial de toda a questão social, condiciona o desenvolvimento não só econômico, mas também cultural e moral, das pessoas, da família, da sociedade e de todo o gênero humano” (Compêndio n. 269). A falta de trabalho é uma das grandes multiplicadoras da pobreza (cf. Compêndio n. 269; cf. Pv 10,4). Mais: “O trabalho é um direito fundamental e é um bem para o homem: um bem útil, digno dele porque apto a exprimir e a acrescer a dignidade humana. A Igreja ensina o valor do trabalho não só porque este é sempre pessoal, mas também pelo caráter de necessidade. O trabalho é necessário para formar e manter uma família, para ter direito à propriedade, para contribuir para o bem comum da família humana. A consideração das implicações morais que a questão do trabalho comporta na vida social induz a Igreja a qualificar o desemprego como uma verdadeira calamidade social, sobretudo em relação às jovens gerações” (Compêndio n. 259). Se o Estado, de modo totalitário, fecha tudo, de onde virá o recurso para pagar aluguel, água, energia elétrica, impostos etc.? A quebra da economia traz apenas o caos social. Isso é o que desejam? Se sim, por que não o dizem logo?

Por fim, a Igreja não defende um Estado totalitário, como é próprio do comunismo “intrinsecamente perverso” (cf.Pio XI.Divini Redemptoris,1937, n. 58), mas, sim, que ele ajude a “secundar a atividades das empresas, criando as condições que garantam ocasiões de trabalho, estimulando-a onde for insuficiente e apoiando-a nos momentos de crise” (Compêndio n. 291). Infelizmente, vemos o contrário. 

Vai aqui uma indagação: por qual misteriosa razão quase ninguém diz uma palavra em favor desses “fracos e oprimidos” trabalhadores, incluindo 71% das famílias que vivem nas favelas com metade de sua renda normal devido às restrições de governadores e prefeitos (cf. Cristyan Costa. Revista Oeste, 28/03/21, online)?


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