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Nossa segunda Páscoa na pandemia

Vida eterna

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Francisco Borba Ribeiro Neto - publicado em 04/04/21

Independentemente das situações, dos acertos e desacertos humanos, somos chamados a reconhecer, nesse tempo, a gratidão pelo sacrifício de Cristo na cruz e pela eterna presença entre nós do Ressuscitado

“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? […] Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes, nem altura nem a profundeza, nem qualquer outra coisa criatura será capaz de nos separar do amor de Deus manifestado em Jesus Cristo Jesus, nosso Senhor” (Ro 8, 35-39).

Essa passagem da Epístola aos Romanos me vem na memória nessa Páscoa, a segunda na qual somos obrigados ao distanciamento social por conta do coronavírus, com uma sofrida redução em nossas atividades celebrativas. Apesar das dificuldades, a celebração da Páscoa, na vida da Igreja e em nossos corações, permanece nesse ano como em todos os anos. O evento místico no qual Deus se aproxima de nós permanece inalterado, como nos lembra São Paulo, no trecho acima, mesmo que os gestos humanos estejam objetivamente comprometidos.

Muitos absurdos têm sido propostos pelos governos em nome do combate à pandemia. Embalar hóstias em saquinhos plásticos, proibir até mesmo celebrações sem fiéis e coisas do gênero são propostas feitas em alguns lugares, que revelam o desconhecimento do que seja o catolicismo e, algumas vezes, até mesmo uma certa má intenção. Por outro lado, outros absurdos têm sido proclamados em nome de uma suposta defesa da fé – como se a fé no coração dos fiéis e o amor de Deus por nós dependesse de normas e sanções humanas e governamentais.

Deus, em seu amor por nós, sabendo que somos seres materiais e que precisamos de encontros e sinais físicos para viver a experiência espiritual, criou os gestos sacramentais, por meio da Igreja. Sem esses gestos, nossa vida de fé se torna, objetivamente, mais difícil, menos bela e mias sofrida. Contudo, Ele não nos abandona entregues a nós mesmos quando a realidade objetiva ou as imposições dos poderes do mundo não nos permitem viver esses gestos.

Nesse tempo, mesmo com as limitações objetivas que enfrentamos, Deus continua nos dando pessoas, lugares e situações em que podemos encontrá-Lo e experimentar o seu amor. Nesse sentido, as dificuldades que enfrentamos nas celebrações dessa Semana Santa não são uma objeção a nossa vivência de fé, mas um exercício ascético – inesperado e, sem dúvida, indesejado por nós – para que interiorizemos ainda mais nossa experiência cristã.

Frustração ou raiva não podem dar a última palavra no tempo pascal. Independentemente das situações, dos acertos e desacertos humanos, somos chamados a reconhecer, nesse tempo, a gratidão pelo sacrifício de Cristo na cruz e pela eterna presença entre nós do Ressuscitado – por meio do qual teremos a vida eterna, mesmo com Covid-19 e outras tantas desgraças que nos afligem.


TIMOR LESTE

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