Canção Drowned in the Sun foi criada com base em algoritmos de inteligência artificial e será usada pela conscientização da saúde mental
Nesta quinta completam-se 27 anos de que foi encontrado o corpo de Kurt Cobain, líder do Nirvana, que, segundo relatório dos legistas, teria tirado a própria vida, aos 27 anos, três dias antes, em 5 de abril de 1994. Passadas quase três décadas da trágica morte do vocalista e guitarrista, os fãs, antigos ou que conheceram a banda mais tarde, seguem sedentos pelo que o artista teria criado caso tivesse continuado vivo. Tanto que neste aniversário de morte foi lançada uma nova música “do Nirvana”, totalmente criada por inteligência artificial, a partir de algoritmos com até 30 canções da banda decodificadas. O computador fez tudo em Drowned in the Sun, das letras e dos vocais ao baixo, da guitarra à bateria.
Clube dos 27
A composição faz parte do projeto Lost of the 27 Club (Fitas Perdidas do Clube dos 27), que criou artificialmente novas canções de outros ícones que morreram aos 27 anos, como Jim Morrison, Jimi Hendrix, Janis Joplin e Amy Winehouse. É uma iniciativa da organização Over the Bridge, de Toronto, no Canadá, que visa promover conscientização quanto à importância da saúde mental e de buscar ajuda quando necessário. Os artistas lendários que sofriam de dependência química ou depressão ajudariam a chamar atenção para a causa, por assim dizer.
Algoritmos não são músicos
Do ponto de vista técnico, se você estivesse olhando para uma partitura, Drowned in the Sun poderia parecer uma canção do Nirvana. Mas não enganaria ninguém que já tenha escutado com atenção algum dos cinco álbuns lançados enquanto Kurt Cobain era vivo. No máximo lembra a banda em alguns momentos, como uma virada de bateria aqui ou um riff de guitarra ali, mas a voz não chega nem perto. O que os algoritmos talvez não tenham conseguido captar e depois reproduzir talvez tenha sido a emoção, o que se expressa principalmente pela voz. Parece mesmo uma versão robô de Cobain. Mas, curiosamente, a faixa lembra mais algumas bandas que nos anos 90 foram acusadas de imitar o Nirvana e o grunge, como Bush e Creed.
Raspa do tacho
Como à época do suicídio o Nirvana ainda era uma banda relativamente nova, com sete anos de estrada, um álbum de inéditas (In Utero, de 1993), um Acústico MTV e uma coletânea de demos (Incesticide, de 1992) lançados em menos de um ano, não tinha muito o que soltar postumamente, além de alguns discos ao vivo e uma coletânea best of. A raspa do tacho, por assim dizer, foi a canção inédita You Know You’re Right, do box set With the Lights Out (2004), com o Nirvana, e a compilação de demos caseiras solo de Kurt Cobain, chamada Montage of Hack, que serviu de trilha para o documentário de mesmo nome.
Cobain na bateria
No ano passado viralizou na internet um clipe com o Nirvana curiosamente tocando Seasons in the Sun, canção de Terry Jacks de 1974, nos estúdios da BMG/ Ariola no Rio de Janeiro, em 1993, com os integrantes com instrumentos trocados. Noites antes, quando se apresentaram para 60 mil pessoas na edição paulistana do Hollywood Rock, tocaram este entre outros covers no mesmo formato, com Cobain na bateria.

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