"Precisamos especialmente de uma solidariedade de vacinas, justamente financiadas", afirma Francisco
Papa desafia Banco Mundial e FMI a financiamento solidário das vacinas para covid-19: a mensagem de Francisco foi enviada enquanto as duas entidades realizam uma reunião conjunta, iniciada neste 5 de abril e agendada para terminar no próximo dia 11.
A carta do Papa, divulgada hoje pelo Vaticano, retoma a sua mensagem de Páscoa e pede que governos, empresas e organizações internacionais trabalhem conjuntamente para fornecer vacinas para todos, “especialmente para os mais vulneráveis e necessitados”:
“Precisamos especialmente de uma solidariedade de vacinas, justamente financiadas, pois não podemos permitir que a lei do mercado tenha precedência sobre a lei do amor e da saúde de todos”.
Papa desafia Banco Mundial e FMI
A mensagem de Francisco também pede “redução significativa do peso da dívida” dos países mais pobres:
“Aliviar o peso da dívida de tantos países e comunidades é hoje um gesto profundamente humano que pode ajudar as pessoas a se desenvolverem, a terem acesso a vacinas, saúde, educação e empregos”.
Francisco observa que a pandemia de covid-19 ocasionou “graves crises socioeconômicas, ecológicas e políticas” e afirma que a recuperação deve “gerar soluções novas, mais inclusivas e mais sustentáveis”. Ele pede que as finanças não sejam “meramente especulativas” e passem a trabalhar pelos objetivos sociais “necessários na atual emergência global de saúde”.
Para isso, ele pede “novas e criativas” formas de participação social, política e econômica, “sensíveis à voz dos pobres”:
“Persiste uma necessidade urgente de um plano global que possa criar novas ou regenerar instituições existentes, particularmente aquelas de governança global, e ajudar a construir uma nova rede de relações internacionais para promover o desenvolvimento humano integral de todos os povos”.
Por fim, Francisco chama a atenção para a “dívida ecológica” dos países ricos, que devem comprometer-se a limitar “significativamente” o consumo de energia não renovável e a ajudar os países pobres a adotarem políticas de desenvolvimento sustentável, financiando a “inovação necessária”.