"Não consegui pronunciar a fórmula porque a voz veio nas lágrimas"
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Padre brasileiro deu unção dos enfermos a seus pais antes de morrerem por covid-19: o pe. Gilvan Manuel da Silva, sacerdote da Congregação da Missão e pároco em Fortaleza, teve de enfrentar num intervalo de apenas 6 dias o falecimento dos pais e de dois irmãos, todos vítimas da covid-19. No dia 31 de março, ele recebeu a notícia do falecimento de seu pai, Manuel Anísio de Sousa, e de seu irmão Vicente Manuel de Silva. Quatro dias depois, foi a sua mãe, Antônia Rosa da Silva Sousa, quem não resistiu às complicações decorrentes da infecção pelo coronavírus. Na última segunda-feira, dia 5, o sacerdote perdeu também a irmã, Rosa Maria da Silva, que estava intubada.
A tragédia humana que se abateu sobre o sacerdote impactou católicos do Brasil inteiro, que se solidarizaram com a dor do pe. Gilvan. Mesmo devastado, ele testemunhou a força da sua fé com esta poderosa declaração em plena transição da Semana Santa para o Tempo Pascal:
“Senhor, tu podes levar tudo de mim, mas mesmo assim continuarei te amando”.
Nesta quinta-feira, 8 de abril, ele voltou a emocionar os internautas com mais um tocante testemunho: o de ter levado a unção dos enfermos aos seus pais no leito de hospital.
Padre brasileiro deu unção dos enfermos a seus pais
Eis o que o pe. Gilvan escreveu em sua rede social:
FOI UMA CENA FORTE UNGIR MINHA MÃE E MEU PAI
Enquanto paramentava-me no hospital, com as vestes de proteção, mesmo sabendo que era um risco estar ali com muitos infectados da covid- 19, eu lembrava da Carta de São Tiago: “Algum de vós está enfermo? Chame os presbíteros da Igreja, para que orem sobre sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor” (Tiago 5,14…) Logo caiu a “ficha”: eu mesmo seria o presbítero do meu pai e da minha mãe.
Foi um momento extremo de emoção e fé. Não consegui pronunciar a fórmula porque a voz veio nas lágrimas. Tocar naquelas mãos e pés que tantas vezes correram ao meu encontro para beijar e abraçar e eu tantas vezes toquei naquelas mãos para dizer: bênção, mãe, e bênção, pai, foi como resumir a vocação sacerdotal: o sacerdócio é estritamente oferenda. Não ungi para salvá-los corporalmente, mas para preservar e preparar a alma para o grande encontro com o noivo que é Jesus.
Minha mãe, ao descobrir que aquele “enfermeiro” que passava o óleo da unção dos enfermos no seu corpo era seu filho padre, logo disse: Meu filho, o que você faz dentro do hospital? Aqui é muito perigoso, saia. É preciso ter muita fé para saborear esses momentos finais… Eu creio, Senhor.