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A vida é realmente um dom? A resposta de Bento XVI em seu aniversário

BENEDICT XVI

Jeffrey Bruno-Aleteia

Reportagem local - publicado em 16/04/21

"[A vida] é um dom problemático, se não for cultivado", afirmou o Papa Emérito em uma de suas homilias

No dia 16 de abril, o Papa Emérito Bento XVI faz aniversário. E neste dia em que comemoramos seus 94 anos, rezamos em agradecimento a Deus pela vida dele e por abençoá-lo. Especialmente porque ele comemora seu primeiro aniversário desde a morte de seu amado irmão mais velho. Georg Ratzinger costumava ir a Roma para comemorar com o pontífice.

E, nesta data especial para todos nós católicos, vamos reproduzir trechos de uma homilia que Bento XVI fez no dia do seu aniversário, em 2012. Uma mensagem inspiradora, em que o Papa Emérito reflete sobre o dom da vida e o mistério da Ressurreição.

Homilia de Bento XVI

“… Graças à solicitude dos meus pais — renasci também pela água e pelo Espírito, como acabámos de ouvir do Evangelho. Em primeiro lugar, há o dom da vida que os meus pais me ofereceram em tempos muito difíceis, e que lhes devo agradecer. Mas não é uma certeza dizer que a vida do homem em si seja um dom. Pode deveras ser um bonito dom? Sabemos o que está sobranceiro sobre o homem nos tempos obscuros que vemos diante de nós — ou nos mais luminosos que possam vir? Sabemos prever a quais aflições, ou eventos terríveis poderá estar exposto? É justo oferecer a vida assim, simplesmente? É responsável ou demasiado imprevisível?

A vida é um dom problemático, se não for cultivado. A vida biológica por si mesma é um dom, embora cercada por uma grande dúvida. Ela torna-se um dom verdadeiro se juntamente com ela se puder doar também uma promessa que é mais forte do que qualquer desventura que nos possa ameaçar, se ela for imersa numa força que garante que é bom ser um homem, que por este homem tudo o que o futuro trouxer é um bem.

Promessa de Deus

Assim, ao nascimento se associa ao renascimento, a certeza de que na verdade é bom existir, porque a promessa é mais forte do que as ameaças. Este é o sentido do renascimento pela água e pelo Espírito: ser imersos na promessa que só Deus pode fazer: é bom que tu existas, e podes ter certeza, aconteça o que acontecer. Desta promessa eu vivi, renascido pela água e pelo Espírito. Nicodemos pergunta ao Senhor: «Porventura pode um velho renascer?». Pois bem, o renascimento é-nos doado no baptismo, mas nós devemos continuar a crescer nele, devemos continuar a fazer-nos imergir por Deus na sua promessa, a fim de que verdadeiramente possamos renascer na grande, nova família de Deus que é mais forte do que todas as debilidades e de todas as forças negativas que nos ameaçam.

Por isso, hoje é o dia da grande acção de graças. O dia em que fui baptizado, como disse, era Sábado Santo. Então, era costume antecipar a noite de Páscoa para a manhã, à qual teria seguido a noite de Sábado santo, sem o Aleluia. Parece-me que deste singular paradoxo, esta antecipação singular da luz num dia escuro, seja quase uma imagem da história dos nossos dias. Por um lado ainda há o silêncio de Deus e a sua ausência, mas a antecipação do «sim» de Deus já está na ressurreição de Cristo, e nós vivemos desta antecipação e através do silêncio de Deus ouvimos os seus discursos, e por intermédio da obscuridade da sua ausência entrevemos a sua luz.

A antecipação da ressurreição no meio da história que evolui é a força que nos indica o caminho e nos ajuda a ir em frente.

Ressurreição e esperança

Demos graças ao bom Deus porque nos doou esta luz e peçamos a fim de que ela possa permanecer para sempre. E eu devo agradecer a Ele e a quantos me fizeram sentir sempre de novo a presença do Senhor, que me acompanharam para que não perdesse a luz.

Encontro-me diante do último trecho do percurso da minha vida e não sei o que me espera. Contudo, sei que a luz de Deus está presente, que Ele ressuscitou, que a sua luz é mais forte do que toda a obscuridade; que a bondade de Deus é maior do que todo o mal deste mundo. E isto ajuda-me a prosseguir com segurança. Isto ajuda-nos a ir em frente e neste momento agradeço de coração a quantos me fazem ouvir continuamente o «sim» de Deus através da sua fé.”

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