Relatório da Liberdade Religiosa 2021: desde 2018, as violações só aumentaram, conforme se constata no documento apresentado neste dia 20 de abril pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS ou ACN, pela sigla em inglês adotada internacionalmente).
A fundação, vale recordar, apoia mais de 5 mil projetos pastorais por ano em mais de 145 países, com destaque para a defesa da liberdade religiosa, de culto e de consciência.
A vasta pesquisa sobre a situação desse direito fundamental em todo o planeta documenta e comprova o preocupante aumento das violações que já vinham sendo notadas desde 2018, quando a edição anterior da pesquisa havia sido publicada.
O relatório está em sua 15ª edição e analisa 196 países, dos quais 62 apresentam "violações muito graves à liberdade religiosa". O texto enfatiza que essas nações representam quase um terço dos países do mundo, mas são o lar de dois terços da população mundial. De fato, mais de 5 bilhões de pessoas vivem nestes países, que incluem nada menos que 5 dos 8 países mais populosos do planeta: China, Índia, Paquistão, Bangladesh e Nigéria.
O documento não se furta a declarar que a perseguição religiosa se configura não só nos covardes atentados perpetrados por bandos fanáticos como o Estado Islâmico e o Boko Haram, mas também nos "ataques sistemáticos e flagrantes" de governos, como se verifica no caso da China e da Coreia do Norte.
Aliás, o corajoso relatório da fundação pontifícia denuncia o "fenômeno global crescente" da perseguição com base nas crenças religiosas e cita explícitos exemplos:
Um dos focos de maior preocupação é o aumento do jihadismo na África, com negativo destaque para Moçambique. Nesse país de língua portuguesa, o grupo terrorista Ansar al-Sunnah Wa Jama, aliado do igualmente fanático Estado Islâmico, invadiu a província de Cabo Delgado e tomou o controle do porto de Mocímboa da Praia, altamente estratégico no processamento das imensas reservas de gás natural da costa norte do país.
Além de Moçambique, bandos jihadistas vêm expandindo e consolidando de tal forma a sua presença na África Subsariana que a região é descrita como "um paraíso para mais de duas dezenas de grupos ativos e cada vez mais cooperantes em 14 países, incluindo filiados do Estado Islâmico e da Al-Qaeda".
Um dos cenários mais dramáticos é verificado na Nigéria, que, há anos, sofre os ataques do bando Boko Haram, já descrito como mais sanguinário que o próprio Estado Islâmico. Além dos assassinatos massivos, o país enfrenta uma onda aparentemente sem fim de sequestros que miram preferencialmente alvos católicos, incluindo de freiras a bispos, passando por seminaristas e padres.
Por outro lado, o cenário na Ásia é de perseguição promovida principalmente pelas ditaduras de matriz marxista. O relatório da AIS é contundente:
O nacionalismo étnico-religioso também é apontado como um dos promotores de perseguição religiosa na Ásia. Investigações ainda em curso chegam a denunciar um provável genocídio na China e em Mianmar, a antiga Birmânia. Nesses dois países, 30,4 milhões de muçulmanos das etnias uigur e rohingya sofrem "perseguição severa", enquanto a comunidade internacional se mostra extremamente lenta em aplicar o direito internacional para impedir a continuidade do massacre.
A AIS apresenta um "mapa da liberdade religiosa no mundo" em que 26 países aparecem em vermelho. Eles estão no pior nível de perseguição religiosa e abrangem uma população total de 3,9 bilhões de pessoas. São eles:
Neste grupo estão os 36 países nos quais ocorre "discriminação", um nível grave de violação à liberdade religiosa, mas não tanto quanto o nível da "perseguição" sistemática. Nos países em laranja vive 1,24 bilhão de pessoas. São eles:
Esta classificação se aplica aos países em que foram observados fatores emergentes de preocupação, com potencial de deterioração na liberdade religiosa. São eles:
O documento da AIS enfatiza ainda os seguintes pontos de atenção:
Você pode consultar o documento completo AQUI. O link será aberto no site da ACN International, na versão em português.