Conforme nos aproximamos do nosso 15º mês de distanciamento social, é esperado que já tenhamos aprendido a conviver com o medo, que é natural sentirmos, por menos conscientes dele que estejamos. Afinal, há mais de um ano convivemos com um inimigo invisível letal que pode nos atingir quando menos esperarmos. É comum criarmos reflexos, como sentir-se tenso em um lugar público como o supermercado ou até mesmo ao ver pessoas aglomeradas sem máscara em um filme. Como será quando voltarmos a nos encontrar? Daremos as mãos, trocaremos beijos no rosto, o quão à vontade nos sentiremos para nos abraçar?
Como voltaremos a nos relacionar é assunto que intriga muitos especialistas. E algumas fobias são esperadas.
Tendências de comportamento
Analistas de comportamento costumam criar siglas para designar comportamentos. Uma que estava em voga antes da pandemia era o F.O.M.O (Fear of Missing Out; ou, em português, medo de estar perdendo), que alude quanto à ansiedade para estar em lugares ou para ver tudo que se passa nas redes sociais dos aplicativos. Com o avançar da quarentena, tornou-se mais comum o J.O.M.O (Joy of Missing Out, ou prazer de estar por fora).
Novas siglas
Já no segundo ano de distanciamento, novas siglas que representam novos padrões de comportamento começam a aparecer. Uma delas é o F.O.N.O (Fear of a New Outlook, medo de uma nova perspectiva), que diz respeito tanto à negação da nova realidade, onde tantos cuidados e restrições são necessários, quanto ao excesso de positividade, aquele que visa tapar um buraco, como tantos deixados nas vidas de muitos de nós em função da pandemia, a chamada positividade tóxica.
E, por conta de pesquisas que antecipando um provável estranhamento que venha a se formar entre novos casais, o aplicativo de relacionamentos Hinge deu nome ao F.D.A (Fear of Dating Again, medo de voltar a se relacionar), que seria resultado da ansiedade provocada pelo isolamento e da falta de prática em estabelecer novos contatos.
Impacto nos relacionamentos
O estresse e o aumento de convivência provocados pela pandemia levaram o número de pedidos de divóricio no Brasil a subir 54% em 2020, comparado ao ano anterior. Por outro lado, uma pesquisa do portal imobiliário Homes.com junto aos seus clientes indica que 63% dos casais que permaneceram juntos estreitaram seus laços durante a pandemia, muitas vezes com a ajuda de novas rotinas, adaptações na casa, adotando animais de estimação e até decidindo ter filhos. Ao que tudo indica, os relacionamentos no pós-quarentena devem envolver círculos menores de convivência, mas a qualidade das relações deve ser muito maior.