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A melhor forma de combater a inveja

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Padre Reginaldo Manzotti - publicado em 27/04/21
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Para combater a inveja é preciso inverter alguns valores e sentimentos

Tenho ressaltado que nós precisamos aprender com tudo isso que estamos passando. Tenha certeza filho e filha, tudo isso vai passar e nós não podemos deixar de aproveitar esse momento para sermos pessoas melhores sem egoísmo, orgulho ou inveja.

Nessa mensagem de hoje, quero me debruçar sobre a inveja que se traduz na tristeza sentida diante do êxito ou do bem-estar de outra pessoa e no desejo incontrolável de se apropriar disso. É um sentimento amargo de desgosto em relação às vitórias, às conquistas, à felicidade ou, simplesmente, ao jeito de ser daquele que é invejado. Não há pré-requisito para que a inveja se manifeste. Ela está presente em todas as classes e grupos sociais, incluindo os religiosos. No Antigo Testamento, há exemplos de homens que, movidos pela inveja, mentiram, roubaram e até mataram.

A mais conhecida é a história de Caim e Abel, dois irmãos de sangue. Abel pastor de ovelhas e Caim agricultor, que, juntos, foram fazer sacrifícios ao Senhor. Caim ofereceu frutos da terra e Abel os primogênitos do seu rebanho. Aconteceu que Deus olhou para Abel e sua oferenda e não olhou para Caim. Então Caim deixa o coração endurecer e dá valor ao ciúme que leva à inveja, um pecado capital (cf. Gn 4,1-5).

Caim ficou com inveja da docilidade de Abel, porque ele representa aquele que é dócil a Deus e por esta razão, obteve o olhar Dele como nos mostra a Carta aos Hebreus: “Foi pela fé que Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor que o de Caim. Graças a ela foi declarado justo e Deus apresentou o testemunho dos seus dons. Graças a ela, mesmo depois de morto, ele ainda fala!” (Hb 11, 4)

Movido pela inveja, Caim chega ao extremo de matar, literalmente falando, derramando o sangue do irmão. Nós podemos matar de outras formas, nós podemos executar os irmãos dos nossos afetos, separar e extinguir da nossa vida.

A inveja é um pecado capital e as “filhas” geradas por ela são a murmuração (fofocar e falar sobre os outros de forma geral, mesmo que sejam fatos verdadeiros), detração (maldizer, difamar, ou seja, recorrer à calúnia para denegrir a imagem de alguém), ódio (não apenas se incomodar com a superioridade da outra pessoa, como também desejar seu mal em todos os aspectos), exultação pela adversidade alheia (regozijar-se com a desgraça de outrem) e finalmente, aflição motivada pela prosperidade dos outros (a glória do próximo incomoda a tal ponto que leva o invejoso a tentar impedi-la).

Por esse descritivo, fica evidente que a inveja possui um caráter gradativo. Ela pode evoluir da simples cobiça para um sentimento de posse (querer a qualquer custo) e até para algo mais destrutivo (“Se não posso ter, ninguém mais terá”). São João Crisóstomo alertou: 

Nós temos que lidar com isso, porque às vezes somos invejosos. Devemos entender que admirar a beleza, o sucesso, a inteligência e esforçar-se para também alcançá-los não significa ter inveja. Mas, o fato de não ficarmos felizes com o bem-estar do outro é o primeiro indício de que a inveja está brotando.

E a inveja, além de ferir o 10º Mandamento da Lei de Deus, é como o câncer. Ela cresce silenciosa e quer tomar-nos por inteiro. Assim, não há como remediar, sendo necessário extirpá-la completamente.

A melhor forma de combater a inveja é por meio da inversão de valores, transformando seus principais pecados – materialismo exagerado, cobiça, sentimento de posse e destruição – em seus opostos, ou seja, virtudes como espiritualidade, altruísmo, generosidade.

Santo Agostinho sugeriu transformar a inveja em admiração e imitação. Isto é: em vez de nos entristecermos pelas qualidades e vitórias do próximo, temos de admirá-las e dar graças a Deus por elas.

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