Sessenta e cinco anos de sacerdócio, alguns deles exercidos em condições extremas: o cardeal albanês Ernest Simoni, de 92 anos, celebrou este marco eclesiástico verdadeiramente excepcional em Florença, Itália, no dia 7 de abril. Ele passou 28 anos como prisioneiro fazendo trabalhos forçados, por não ter aceitado renegar a Cristo e Sua Igreja.
Hoje, Simoni é cônego na catedral de Florença, a capital da Toscana. Ele é o único padre ainda vivo que testemunhou a perseguição do regime comunista de Enver Hoxha, que proclamou a Albânia o "primeiro estado ateu do mundo".
Desde o dia de sua libertação em 1990, e até a chegada da pandemia, ele nunca cessou seu ministério. Nesses anos sempre visitou as paróquias e encontrou-se com fiéis na Albânia, como também na Itália e nos Estados Unidos, onde vivem também muitos grupos da sua terra natal.
Para dar uma ideia de sua personalidade, lembra o cardeal:
Durante esses anos, o homem que brincava de rezar a missa já quando criança, segundo Avvenire, colocou o memorial do sacrifício de Cristo no centro de sua existência. No final de uma celebração eucarística, ele foi preso em sua paróquia de Barbullush, um vilarejo próximo a Scutari, na noite de Natal de 1963.
Ernest Simoni foi preso após a celebração da missa. “Quatro policiais me levaram à força; eles estavam a ponto de quebrar meus braços ”, disse ele.
Ele lembra que foi preso pelas autoridades comunistas porque praticava exorcismos e porque havia celebrado missas em sufrágio do presidente dos Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy, assassinado no mês anterior. Ele foi preso, torturado e condenado à morte - uma sentença comutada para 25 anos de trabalhos forçados.
Ele celebrava a missa então em condições extremas e sob risco de morte. “Eu separava um pouco de farinha de rosca e espremia uvas para consagrar”, disse ele ao Avvenire. “Os guardas não entendiam e achavam que eu estava louco. Nossa Senhora me protegeu.”
O cardeal Giuseppe Betori, arcebispo de Florença, que o nomeou cônego da catedral, comemorou o 65º aniversário de Simoni.
“Nossa Igreja florentina”, disse Betori, “acolheu uma testemunha da fé, que deve ser honrada e reconhecida pelo sofrimento que suportou por causa de sua fidelidade a Cristo”.