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Bispo contesta teóloga alemã que disse que vetar sacerdócio a mulheres é “racismo”

Dom Stefan Oster, bispo de Passau

Lukas Barth

Francisco Vêneto - publicado em 29/04/21

Ele afirmou que o ataque da teóloga não só é "descarado" como ainda tenta negar que os outros sejam católicos

Bispo contesta teóloga alemã que disse que vetar sacerdócio a mulheres é “racismo”: dom Stefan Oster, bispo de Passau, na Alemanha, respondeu enfaticamente a um ataque da professora de teologia Johanna Rahner, ativista da ordenação sacerdotal de mulheres na Igreja Católica.

Johanna acusou de “racistas” os católicos que, segundo ela, rejeitam a “igualdade de gênero” na Igreja, reduzindo ao nível do seu próprio ativismo ideológico a natureza sacramental do sacerdócio instituído por Cristo e que, por isso mesmo, é evidentemente imutável.

Em texto publicado no dia 19 de abril em seu site, dom Stefan Oster repreendeu a postura de Johanna Rahner como “descarada” e afirmou que ela própria promove confrontos verbais em vez do “diálogo” que, diga-se de passagem, os ativistas ideológicos tanto alardeiam defender.

O ataque de Johanna Rahner contra os católicos que obedecem ao que Cristo instituiu foi proferido em 17 de abril durante o assim chamado “fórum das mulheres”, organizado pela diocese de Rottenburg-Stuttgart. A professora declarou nessa ocasião:

“É importante levantar a bandeira e assumir uma posição política ativa contra a discriminação às mulheres. Quem não fizer isso e permanecer calado é um racista”.

Bispo contesta teóloga alemã

Dom Stefan Oster desmascarou a escalada do discurso de ódio promovido por grupos ideológicos contra a Igreja e declarou que é necessário um debate sobre como lidar com as “provocações” contra a doutrina e contra quem a segue sem deturpá-la. Ele acrescentou, contundente, que a acusação de Johanna não só é “descarada” como ainda “tenta negar que os outros sejam católicos”.

Professor de teologia contesta natureza dos ataques

Além de dom Oster, também o professor de Teologia Dogmática Helmut Hoping denunciou com firmeza no jornal católico Die Tagespost que os ataques de Johanna Rahner se afastam do debate propriamente teológico:

“Isso é agitação política e imputação”.

Hoping observou que Johanna Rahner insinua que a Igreja Católica está em desacordo com a constituição alemã. Não obstante, o professor também recordou que a “bem relacionada” teóloga “aconselha os bispos [alemães] em questões de fé” e “participa de todos os tipos de comitês acadêmicos”.

Questionando o que nem o Papa pode mudar

É relevante recordar que Johanna Rahner chegou a praticamente “desmentir” o Papa Francisco e São João Paulo II no tocante à impossibilidade da ordenação feminina na Igreja Católica.

De fato, São João Paulo II foi mais do que explícito na carta apostólica Ordinatio sacerdotalis, de 1994, ao afirmar que “a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres” e, portanto, “esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja”.

Por sua vez, o Papa Francisco reiterou o mesmo caráter definitivo desta impossibilidade durante uma entrevista coletiva em 2016, a bordo do avião em que retornava da Suécia para Roma: “Sobre a ordenação de mulheres na Igreja Católica, a última palavra é clara: foi dada por São João Paulo II e permanece”.

Entretanto, Johanna Rahner resolver saber mais do que os Papas e, em 2017, no site oficial dos bispos alemães, proclamou que essa decisão “não é final”.

Mais réplicas ideológicas

A contestação de dom Stefan Oster à postura conflitiva de Johanna Rahner, por sua vez, foi previsivelmente criticada por outros ativistas alinhados com a mesma agenda ideológica.

Uma das críticas mais abertas (e incoerentes) contra o bispo veio de Annette Schavan, política da União Democrática Cristã da Alemanha, ex-embaixadora na Santa Sé e ex-vice-presidente do Comitê Central dos Católicos Alemães, entidade que participa da organização do assim chamado “caminho sinodal” na Alemanha – o qual, por sua vez, também defende a ordenação sacerdotal de mulheres.

Segundo Annette Schavan, dom Oster não devia ter respondido publicamente ao ataque público de Johanna Rahner. Como se não bastassem os dois pesos e duas medidas embutidos nesta crítica enviesada, ela ainda foi embalada com ironia. Annette Schavan afirmou:

“Já que o bispo ficou bravo, ele poderia ter ligado para Johanna Rahner e dito a ela: ‘Quero discutir com você. Quero dizer o que me incomoda. Quero dizer onde temos alguma convergência, ou o que seja'”.

Em outras palavras: segundo Annette Schavan, a Igreja pode ser atacada publicamente por Johanna Rahner, mas um bispo católico não pode defender a Igreja publicamente respondendo a quem lançou o ataque público. Além disto, sempre segundo Annette Schavan, dom Stefan Oster não pode criticar publicamente os ataques de Johanna Rahner, mas Annette Schavan pode criticar publicamente a resposta de dom Stefan Oster.

Pesos e medidas

A mera tentativa de Annette Schavan de dar alguma lição de moral a quem quer que seja esbarra em episódios constrangedores do seu próprio currículo. Segundo a agência ACI Digital, ela teve de renunciar ao seu cargo de ex-ministra federal para a Educação e Pesquisa, no governo de Angela Merkel, porque descobriu-se que a sua tese de doutorado tinha sido um plágio. Este escândalo, porém, não impediu que Annette Schavan fosse depois nomeada pela Alemanha como embaixadora junto à Santa Sé de 2013 a 2018, não obstante a manifestação de protesto do Ministério das Relações Exteriores do país.

Quanto ao exercício do cargo de embaixadora alemã junto à Santa Sé por parte de Annette Schavan, a mesma agência ACI Digital também recorda que, em 2018, jornalistas perguntaram a ela, durante uma coletiva, quais eram os serviços diplomáticos prestados pela embaixada aos bispos alemães no Vaticano: Annette Schavan, sendo ela própria a embaixadora, declarou que não sabia.

O que pode presumir-se é que Annette Schavan, caso “fique brava” com quem lhe recorda quaisquer desses fatos, deverá aplicar a si mesma o que aconselha aos outros e ligar privadamente para conversar, dizendo: “Quero discutir com você. Quero dizer o que me incomoda. Quero dizer onde temos alguma convergência, ou o que seja”.

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