Aborto nos EUA é um assunto sempre candente, mas as suas circunstâncias costumam variar conforme o partido que ocupa a presidência do país.
Tem sido recorrente, por exemplo, que os presidentes democratas revoguem a assim chamada Política da Cidade do México, que impede a destinação de verbas federais a organizações pró-aborto no exterior, enquanto os presidentes republicanos reativam essa proibição. O nome dessa política governamental intermitente se deve ao fato de ter sido anunciada na capital mexicana em 1984, sob o governo Reagan.
Outro exemplo da forte discrepância entre as posições ideológicas dos dois partidos principais dos EUA em relação à defesa da vida humana é que o atual governo democrata de Joe Biden revogou rapidamente diversas políticas pró-vida antes mantidas pelo ex-presidente republicano Donald Trump. Uma das decisões de maior impacto foi anunciada por Biden já em 28 de janeiro, apenas uma semana após a sua posse: ele oficializou a saída dos EUA da aliança mundial contra o aborto.
As novas diretrizes do governo Biden autorizam ainda os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) a realizarem pesquisas com tecido fetal e facilitam que pesquisadores de fora dos NIH também obtenham fundos federais para o mesmo tipo de pesquisa. Em contraposição, o governo Trump havia declarado em 2019 uma moratória referente ao uso de tecidos fetais em pesquisas dos NIH.
No tocante a este mesmo assunto, dom Joseph F. Naumann, presidente do Comitê de Atividades Pró-Vida da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), lamentou em 19 de abril a postura do atual governo.
Por sua vez, a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, declarou nesta última terça-feira, 27, que o governo Biden "discorda respeitosamente" dos bispos católicos quanto às pesquisas com tecidos de bebês abortados, financiadas com fundos federais. Em entrevista coletiva, ela respondeu à pergunta de um jornalista da rede católica EWTN sobre a decisão do governo de retirar as restrições a essas pesquisas. A propósito da contrariedade do episcopado católico, Jen Psaki respondeu:
Em representação dos bispos católicos, dom Joseph F. Naumann havia afirmado sobre o assunto: