Eu era criança, mas me lembro como se fosse ontem. Era um sábado de manhã e eu tentava ajudar o meu pai nos trabalhos de jardinagem. Ele se preparava para podar uma pequena árvore e eu me opunha, dizendo que não era necessário e que a árvore ia sofrer. "Não se preocupe, filha, não vai doer. E ela precisa, porque alguns galhos estão tortos, outros cresceram desproporcionais, outros estão meio secos. Se os podarmos, a árvore vai crescer mais rápido e mais bonita, você vai ver".
Então, me olhando nos olhos, ele acrescentou: “Deus é o nosso jardineiro. Às vezes, Ele também nos poda para crescermos melhor. No nosso caso, às vezes dói mesmo, mas, com o tempo, nós percebemos o quanto era necessário aquele ato de amor”. Eu não entendi, mas as palavras do meu pai ficaram impressas em mim. Acho que era isso que ele queria.
Os anos se passaram e o Jardineiro divino podou amorosamente e em mais de uma ocasião a árvore da minha vida.
Um dos eventos mais importantes da minha existência foi a ruptura daquele noivado. Eu me senti como uma árvore triste, machucada, que nenhuma primavera voltaria a reflorescer. Mas não foi assim. Voltei à vida com nova folhagem e consegui encontrar, cultivar e preservar o verdadeiro amor da minha vida, fundando a minha família.
“Deus é o nosso jardineiro”, dizia o meu pai, “e temos que ter fé”. Doeu quando eu perdi meus ramos e folhas, mas a poda foi a oportunidade de aprender as lições mais importantes sobre o amor humano e corrigir os erros que tinham danificado profundamente a minha vida; para entender melhor que Deus é Amor e que Ele coloca essa capacidade em nosso coração para o nosso bem.
A lição mais importante que aprendi é que amadurecer no amor é transformar a nossa capacidade de amor em capacidade de amar. Amar é se envolver ativa e totalmente, com o espírito inteligente e livre. O amor nos faz responsáveis.
Foi assim que eu aprendi a viver o namoro e o noivado com o firme compromisso de considerá-lo aquilo que ele é: a preparação para um possível casamento. Aprendi que a etapa do namoro é importante para conhecer um ao outro de modo pessoal e para dar valor um ao outro: se o namoro não for valorizado, o casamento também não será.
O amor entre namorados tem atitudes específicas. A passagem para a certeza de desejar e abraçar a união matrimonial exige que encontremos as respostas certas para algumas perguntas fundamentais:
• O que me atrai nele ou nela? Suas qualidades são profundas?
• Compartilhamos os mesmos valores, a mesma espiritualidade e os mesmos projetos, incluindo o conceito de namoro e de casamento?
• Estamos de acordo quanto ao número de filhos que desejamos ter?
• Demonstramos amor e respeito? Existe atração física e desejo? Essa atração se manifesta castamente, com delicadeza e respeito?
• O caráter e os comportamentos de cada um são suficientemente equilibrados e estáveis?
• As discordâncias são abordadas e resolvidas no diálogo e na compreensão mútua? Reconhecemos nossos erros e pedimos desculpas?
• Conhecemos bem a vida profissional e os recursos um do outro? Aceitamos a profissão e os compromissos um do outro?
• Somos pessoas trabalhadoras, conscientes e honestas? Como cada um de nós administra o seu dinheiro?
• Como tratamos os outros: subordinados, amigos, familiares?
• Temos orgulho de apresentar ao outro os nossos amigos, familiares e colegas de trabalho?
• Aceitamos os conselhos um do outro? Dialogamos com calma, pacificamente?
• Compartilhamos confidências e interesses?
• Há paz na relação ou mal-estar e desconfortos?
• Somos livres na escolha um do outro, sem coerções de nenhum tipo?
• Aceitamos uma preparação séria para o nosso casamento?
Um namoro tem que ser longo o suficiente para permitir que os namorados se conheçam bem e curto o suficiente para que não caiam na rotina do descompromisso.
Pelo menos uma vez: um Natal, um aniversário, um sucesso, um fracasso, um almoço com os pais, um desencontro, uma recusa, um novo início.
Devemos ter a coragem de pôr fim a uma relação que não responde da melhor maneira possível aos nossos valores, à nossa dignidade, à nossa maneira de ser.
Talvez doa, mas é necessário para o crescimento real no amor.