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Diários de Franz Kafka ganham edição integral

FRANZ KAFKA

Julie Mayfeng / Shutterstock.com

Octavio Messias - publicado em 09/05/21

Compilação, publicada pela primeira vez na íntegra no Brasil, revela o dia a dia do escritor de 1909 a 1923

Nascido em 1883, época em que a sua Praga natal ainda fazia parte do Império Austro-Húngaro, Franz Kafka viveu até 1924 (ano em que morreu de tuberculose a exato um mês do seu aniversário de 41 anos) sem saber que se tornaria um dos maiores escritores de todos os tempos. Para leitores mais assíduos do autor, a editora Todavia lançou nesta sexta (7) o livro Diários – 1909-1923, edição que reúne todos os 13 cadernos com seus escritos cotidianos, com tradução de Sergio Tellaroli, especialista em alemão e responsável por verter outros autores célebres para o português, como Arthur Schnitzler. A capa é de Tom Gauld, cartunista do New York Times.

Pela primeira vez

Trata-se da primeira compilação publicada no Brasil com todos os diários resgatados e organizados por Max Brod, amigo íntimo do autor; a da editora gaúcha L&PM, de 2019, por exemplo, vai até 1912; a nova, da Todavia, com 576 páginas, abrange até os últimos meses em que o autor austro-húngaro ainda tinha forças para escrever, antes de morrer de fome em 1924 por conta de sua tuberculose, cuja inflamação tornava muito difícil para ele comer. Mesmo nesses escritos despretensiosos, o autor atinge a excelência literária, no que o escritor argentino Ricardo Piglia definiu como o “laboratório do escritor”. Também é o único documento existente de como era o dia a dia do escritor dos 26 anos até sua morte, a um mês de completar 41. 

“Schmerz kafkiano”

Os diários captam não só o niilismo, a prostração, o desespero e a melancolia com que o escritor atravessava os dias, o famoso “Schmerz kafkiano” – muito presente na obra do autor –, suas atividades culturais e reflexões sobre a arte, suas observações sobre o mundano, seu sarcasmo diante de fatos históricos e confidências de sua vida pessoal, como retratam a batalha interior de Kafka para se tornar escritor. A disputa com o relógio para conseguir escrever fora do expediente como servidor, com a depressão que o puxava para a cama e, principalmente, com a autocrítica. Ele escreve sobre O Processo, que nem podia imaginar que viria a integrar o cânone do modernismo alemão: “Fiquei malogrado de um capítulo; de outro capítulo, que comecei bem, dificilmente vou conduzir adiante tão bem, ou, antes, tenho certeza de que não vou conseguir”. 

Sem tempo para o “chamado”

Formado em direito, Franz Kafka ganhava a vida trabalhando em uma companhia de seguros, queixando-se que não tinha tempo suficiente para se dedicar à literatura, o que considerava seu “chamado”. “Tudo que não é literatura me entedia e eu detesto”, escreveu. Publicou em vida apenas as coletâneas Considerações e Um Médico Rural, além de contos como A Metamorfose, que se tornaria uma de suas obras mais célebres, em revistas literárias da época. E se hoje temos romances consagrados como América, O Castelo e O Processo, isso se deve ao seu amigo e leitor mais cativo, Max Brod, que, contrariando as recomendações de Kafka, não queimou seus manuscritos após a morte do escritor. Também graças a ele que agora podemos ler Diários – 1909-1923

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