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Evocação dos mortos e invocação dos santos

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Vanderlei de Lima - publicado em 09/05/21
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O Catecismo da Igreja Católica ensina que todas as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas

A fé católica não aceita a evocação dos mortos, mas a invocação dos santos (cf. 2 Mc 15,11-16). Daí a oportunidade deste artigo que bem distingue as duas prática.

Dom Boaventura Kloppenburg, OFM, escreve: “Quando o espírita ‘evoca’ um espírito ele quer que o espírito desça, baixe e se comunique perceptivelmente com a gente; quando o católico ‘invoca’ um Santo, ele quer que o Santo, por assim dizer, suba ao trono de Deus para interceder por nós, para tornar-se o nosso intercessor e não que baixe e fale conosco. Não há, na devoção católica aos Santos, nem vestígio de mentalidade espírita” (O Espiritismo no Brasil: Orientações para os Católicos. 2ª ed., Petrópolis: Vozes, 1964, p. 183). Em termos muito sintéticos, quem evoca o espírito de um morto quer fazê-lo descer até nós; quem invoca, em oração, um ente querido falecido deseja apenas que ele suba até Deus para apresentar a Ele os nossos pedidos; que seja nosso intercessor.

Ainda: a prática da evocação dos mortos é condenada na Sagrada Escritura (cf. Ex 22,17; Lv 19,31; 20,6.27; Dt 18,10-14; 2Rs 17,17; 21,6; Is 8,19-20; 1Sm 28,3-25; At 13,6-12; 16,16-18; 19,11-20). Alguns poderiam retrucar lembrando que Saul consultou o falecido Samuel por meio de uma necromante (cf. l Sm 28,5-15). Dom Estêvão Bettencourt, OSB, esclarece o caso afirmando que o fato “não é paradigma, pois diz a própria Bíblia que Saul foi condenado por causa disso (cf. 1Cr 10,3). Deus permitiu que Saul recebesse de Samuel, naquele momento, a advertência de que estava no fim sua vida terrestre e no dia seguinte ia morrer; foi por causa da importância solene daquela hora que Deus permitiu a resposta de Samuel; ela não foi provocada pela arte da adivinha; esta apenas forneceu a ocasião ou as circunstâncias da manifestação de Samuel” (Por que não sou espírita? Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, s/d, p. 27, opúsculo 2).

Mais: “A proibição se deve não à suposição de que os mortos sejam incomodados pelos vivos, mas ao fato de que não há receita que garanta a comunicação entre vivos e mortos. A necromancia é superstição. A oração que os cristãos dirigem aos Santos, não se baseia em fórmulas ou receitas mágicas, mas unicamente na convicção de que Deus quer conservar a comunhão entre os membros do Corpo Místico de Cristo; por isso, Ele faz que os justos no céu tomem conhecimento das preces despretensiosas que lhes dirigimos na Terra e, em consequência, intercedam por nós” (Idem).

O Pe. Oscar Quevedo, SJ, assegura, por sua vez – como uma das conclusões da Parapsicologia – que “não há comunicação natural entre os vivos e os mortos. Nem os vivos têm força para intervir no mundo dos mortos, nem os mortos têm força para intervir no mundo dos vivos” (O que é parapsicologia. 32ª ed. São Paulo: Loyola, 2000, p. 105). As raríssimas comunicações – sempre espontâneas, nunca provocadas (cf. Lc 1,26-27) – entre o além e o aquém são ações livres e milagrosas de Deus (Lourdes, Fátima, Guadalupe...). Fora disso, os fenômenos ditos de “comunicação com os mortos” se devem ao inconsciente humano; portanto, tudo de vivo para vivo, nunca de morto para vivo (Idem).

Por fim, o Catecismo da Igreja Católica ensina que “todas as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas que erroneamente se supõe descobrir o futuro. A consulta aos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e da sorte, os fenômenos de visão, o recurso a médiuns escondem uma vontade de poder sobre o tempo, sobre a história e, finalmente, sobre os homens, ao mesmo tempo que um desejo de ganhar para si os poderes ocultos. Essas práticas contradizem a honra e o respeito que, unidos ao amoroso temor, devemos exclusivamente a Deus” (Catecismo da Igreja Católica n. 2116 – itálico nosso). É, portanto, um pecado grave do qual devemos, com a graça de Deus, sempre fugir...

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